|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ATENTADOS À PAZ A onda de atentados contra israelenses em torno do primeiro
encontro de alto nível entre autoridades de Israel e palestinas nos últimos
dois anos, é uma aposta no enfraquecimento político do premiê Abu
Mazen e no fracasso de mais uma
tentativa de discutir a paz na região.
Dizer que o efeito das bombas será o
de alimentar as posições de força de
Israel não é, neste caso, um alerta sobre os resultados perversos ou involuntários do terror, mas a constatação de seus objetivos. De fato, não
parece ser outra a intenção dos grupos terroristas palestinos: a permanente radicalização do confronto.
O objetivo tem sido atingido. Na
onda da "guerra contra o terrorismo" movida pela administração
Bush, o governo de Israel tem-se sentido ainda mais à vontade para fazer
o que bem entende como defesa própria. A reação aos atentados já veio
sob a forma do fechamento dos territórios ocupados. Prosseguirá com a
intransigência de Sharon quanto à
necessidade de que cessem as ações
do terror para que tenha lugar a retirada israelense.
Ao contrário do governo de Abu
Mazen, o de Sharon ainda não subscreveu o plano de paz, que estipula
uma série de passos até a formação,
em 2005, de um Estado palestino em
Gaza e na Cisjordânia. É previsível
que novas reações acontecerão, colocando em xeque o cada vez mais desprestigiado Iasser Arafat -o "suspeito de sempre" quando se trata de
atentados contra Israel.
Se havia expectativas de que as
campanhas norte-americanas no
Afeganistão e no Iraque poderiam
ser uma plataforma a facilitar a condução de um plano de paz israelo-palestino, a realidade, lamentavelmente, está tratando de mostrar que
as dificuldades permanecem, se é
que não se agravaram. É cedo para
uma avaliação definitiva, mas o recrudescimento do terrorismo vai lançando, mais uma vez, perspectivas
sombrias quanto ao encaminhamento de uma solução pacífica no
Oriente Médio.
Texto Anterior: Editoriais: CAPITAIS SEM CONTROLE Próximo Texto: Editoriais: LOUCURA E SANIDADE
Índice
|