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São Paulo, terça-feira, 20 de maio de 2003

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ATENTADOS À PAZ

A onda de atentados contra israelenses em torno do primeiro encontro de alto nível entre autoridades de Israel e palestinas nos últimos dois anos, é uma aposta no enfraquecimento político do premiê Abu Mazen e no fracasso de mais uma tentativa de discutir a paz na região. Dizer que o efeito das bombas será o de alimentar as posições de força de Israel não é, neste caso, um alerta sobre os resultados perversos ou involuntários do terror, mas a constatação de seus objetivos. De fato, não parece ser outra a intenção dos grupos terroristas palestinos: a permanente radicalização do confronto.
O objetivo tem sido atingido. Na onda da "guerra contra o terrorismo" movida pela administração Bush, o governo de Israel tem-se sentido ainda mais à vontade para fazer o que bem entende como defesa própria. A reação aos atentados já veio sob a forma do fechamento dos territórios ocupados. Prosseguirá com a intransigência de Sharon quanto à necessidade de que cessem as ações do terror para que tenha lugar a retirada israelense.
Ao contrário do governo de Abu Mazen, o de Sharon ainda não subscreveu o plano de paz, que estipula uma série de passos até a formação, em 2005, de um Estado palestino em Gaza e na Cisjordânia. É previsível que novas reações acontecerão, colocando em xeque o cada vez mais desprestigiado Iasser Arafat -o "suspeito de sempre" quando se trata de atentados contra Israel.
Se havia expectativas de que as campanhas norte-americanas no Afeganistão e no Iraque poderiam ser uma plataforma a facilitar a condução de um plano de paz israelo-palestino, a realidade, lamentavelmente, está tratando de mostrar que as dificuldades permanecem, se é que não se agravaram. É cedo para uma avaliação definitiva, mas o recrudescimento do terrorismo vai lançando, mais uma vez, perspectivas sombrias quanto ao encaminhamento de uma solução pacífica no Oriente Médio.


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