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![]() São Paulo, terça-feira, 20 de maio de 2003 |
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TENDÊNCIAS/DEBATES Das origens ao governo
TIÃO VIANA
Essa opção é fruto de nossa reflexão sobre a própria história. Ser governo é deter apenas uma parcela de poder. Em razão disso, os objetivos estratégicos podem, por vezes, demandar abordagens flexíveis. Mesmo aqueles que levaram adiante processos revolucionários perceberiam seus limites. Lênin viu-se obrigado a convocar czaristas que derrotara para organizar o Exército Vermelho e o Banco Central. Trotsky reconheceria que a indústria socializada "tinha necessidade dos métodos do cálculo monetário elaborados pelo capitalismo" e que "o jogo da oferta e da procura é e será, por muito tempo ainda, a base material indispensável e o corretivo salvador". Para além das referências aos vetores econômico e ideológico do poder, conforme nos ensina o mesmo Bobbio, é preciso considerar que, no sistema de freios e contrapesos próprio do presidencialismo e da forma federativa de Estado, o poder é compartilhado entre Executivo, Legislativo e Judiciário em distintas esferas político-administrativas. Nessas circunstâncias, o sucesso de um programa reformista depende sobremaneira da coesão daqueles que têm a responsabilidade e a autoridade para torná-lo hegemônico, obtendo consenso ou consentimento daqueles que também podem interferir nos destinos de uma comunidade política. Isso não significa anular as diferenças. Ao contrário. Habermas nos sugere que o engate do direito e da democracia pressupõe "salvaguardar distâncias e diferenças reconhecidas, na base de uma comunhão de convicções". Uma dessas convicções é a de que a democracia não é simplesmente o governo da maioria, mas aquele que, fazendo valer a vontade da maioria, permite à minoria convolar-se em maioria, por meios pacíficos. Isso requer nitidez na identidade dos blocos que disputam, democraticamente, o mando de campo. Para que isso ocorra é preciso que os partidos sejam fortes e que a fidelidade partidária seja vista com naturalidade. Não podemos nos esquecer de que a união entre social-democratas e democratas cristãos, para a formação da Grande Coalizão na Alemanha, entre 1966 e 1969, esmaeceu a oposição institucional e formou o caldo de cultura em que floresceu o terrorismo inconsequente da esquerda antiparlamentar. É a convicção de que o PT permanece vivo como espaço democrático da palavra igualitária e libertária, único meio legítimo, não-violento, capaz de gerar a força integradora e vinculante de sua militância, que nos permite afirmar a certeza de bem governar, nos próximos quatro anos, sem desafiar o Estado democrático de Direito, sem descartar nossos sonhos e, o mais importante, sem frustrar a esperança que a maioria do povo depositou na maior liderança da América Latina, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Tião Viana, 42, médico, senador da República pelo Estado do Acre, é líder do PT e do bloco parlamentar de apoio ao governo no Senado. Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Luciana Genro: A encruzilhada do PT Índice |
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