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O IMPENSÁVEL ACONTECE
"Só terrorista do Líbano é
que tem". Esse foi um dos
trechos de diálogos entre bandidos
captados por uma escuta realizada
pelo Ministério Público do Rio de Janeiro. O detalhe: um dos criminosos
que participaram da conversa estava
cumprindo pena num presídio fluminense considerado de "segurança
máxima". O objeto do desejo do delinquente, aquele que "só terrorista
do Líbano tem", seria um dispositivo
que supostamente impede o rastreamento de chamadas telefônicas.
No mesmo diálogo, ainda tratando
de recursos utilizados por grupos
terroristas, o traficante preso -conhecido como Chapolim- recomenda a seu interlocutor que pergunte a "eles" (talvez os terroristas)
sobre o Stinger. Stinger é o nome de
um míssil de fabricação norte-americana que foi bastante usado pelos
grupos militares que, apoiados pelos
Estados Unidos, resistiram à invasão
do Afeganistão pela União Soviética.
Trata-se de um artefato que pode ser
lançado por apenas uma pessoa e
que se mostrou eficaz para abater helicópteros em pleno vôo.
Especialistas dizem duvidar da seriedade da "proposta" de compra
por parte dos bandidos do Rio de Janeiro, pois o míssil Stinger não seria
uma arma adequada às atividades rotineiras do tráfico de drogas. Mas o
absurdo da situação a que chegou a
segurança pública no Brasil é justamente o fato de ninguém duvidar da
capacidade de os comandos criminosos adquirirem no mercado negro
esse e outros armamentos de guerra
se assim desejarem.
E o pior, nessa história, foi a descoberta de que havia um verdadeiro escritório central de comando do crime
instalado em pleno presídio de Bangu 1, dito de "segurança máxima". O
mesmo Estado que prende os chefes
do crime organizado lhes proporciona um ambiente de "máxima segurança" para continuar a fazer os seus
negócios. Não há sintoma mais gritante da deterioração do poder público no Brasil. É preciso dar um basta
urgentemente nessa situação. Chefes do tráfico têm de ser isolados.
Não é possível conceber que o Estado não seja capaz de realizar nem
mesmo essa tarefa primária.
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