São Paulo, sexta-feira, 20 de junho de 2008

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Acomodação esboçada

AS VENDAS DO comércio varejista seguem fortes, mas já esboçam a transição a um ritmo de expansão mais moderado. Foi o que sugeriu o resultado relativo a abril da pesquisa mensal realizada pelo IBGE. Divulgado na terça-feira, o levantamento apurou aumento de apenas 0,2% do volume das vendas na comparação com março.
Esse resultado agregado refletiu comportamentos bastante contrastantes entre os vários tipos de estabelecimento pesquisados. O agrupamento que reúne híper e supermercados e lojas que vendem sobretudo produtos alimentícios, bebidas e fumo teve pequena queda das vendas de março para abril. Há indícios de que o forte aumento dos preços dos alimentos pesou na perda de ímpeto desse segmento, que responde por metade das vendas do comércio varejista como um todo. O fato de que a escalada dos preços dos alimentos teve prosseguimento depois de abril sugere que, a curto prazo, o segmento terá dificuldades para redinamizar suas vendas.
Já os estabelecimentos dedicados à comercialização de bens duráveis -como eletrodomésticos e computadores- continuaram, em abril, a ostentar crescimento bastante expressivo do volume vendido. Os grandes impulsionadores desse movimento têm sido o aumento do emprego, a progressiva elevação da renda e, especialmente, a farta oferta de crédito. Os sinais de que a oferta de crédito cresceu menos a partir de maio sugerem que o ritmo de alta das compras de duráveis, que se mantém bastante forte há um bom tempo, também poderá arrefecer.
Essa perspectiva de acomodação do consumo de bens é favorável para o controle da inflação. Mas a força do choque de custos de alimentos, metais e petróleo recomenda cautela. É saudável que o governo cogite medidas que possam complementar (e, portanto, moderar) o movimento de aumento de juros. Uma contenção do gasto com o custeio da máquina pública, se mostra cada vez mais recomendável.


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