São Paulo, sábado, 20 de julho de 2002

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PAINEL DO LEITOR

Saúde
"O artigo "A saúde que anda para a frente" ("Tendências/Debates", pág. A3, 18/7) é réplica oficial ao artigo de minha autoria publicado na mesma seção em 28 de junho ("A saúde que anda para trás'). Os autores do texto oficial, por dever de ofício, proclamaram, com exagerado ufanismo, verdadeiros milagres alcançados na área da saúde. Cifras e números citados devem realmente deixar os leitores impressionados. Mas os números citados são suficientes? É muito, é pouco ou é mais ou menos? A segurança da população melhorou com as verbas gastas? E a saúde do povo brasileiro, como está? Houve melhora? Por que continuamos sempre sendo comparados aos países mais miseráveis do mundo quando são analisados índices sociais? Queiram ou não, análise política é importante, necessária e saudável. Análise apenas com números é tarefa para tecnocratas pequenos. Gostaria de registrar que todos os dados que usei no artigo "A saúde que anda para trás" foram cuidadosamente retirados de publicações oficiais especializadas, incluindo o boletim de maio 2002 da própria Funasa, fonte que cito no referido texto."
Caio Rosenthal, médico infectologista do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, do Hospital do Servidor Público Estadual e conselheiro do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (São Paulo, SP)

Falcatruas
"Roseana e Jader são denunciados" (Brasil, pág. A8, 19/7). Parabéns aos destemidos procuradores da República que, com brilho e bravura, buscam fazer um pouco de Justiça neste país corroído por falcatruas."
Jefferson Luís Ferreira (Piracicaba, SP)

A santa da janela
"Moro em Ferraz de Vasconcelos desde que nasci e, no momento, estou na vizinhança da "santa da janela". Ferraz é um subúrbio, um lugar de gente muito pobre, muito pobre mesmo. Muitos nordestinos migraram para cá na esperança de viver na metrópole o "sonho retirante". De suas quimeras restaram a simplicidade e a carência de lucidez, reflexo de tantas outras carências. É nesse ar que prolifera, com sucesso, qualquer indício de esperança. É essa a razão que atrai mais de 20 mil pessoas para uma janela. O milagre não é o surgimento da mancha que se tornou imagem, é a ansiedade de um povo que, no limite de sua miséria, precisa de um milagre, de um salvador."
Inês Murad (Ferraz de Vasconcelos, SP)

Festa imodesta
"É lamentável para nós, cariocas, o apoio e o espaço que a coluna de Mônica Bergamo tem dado para o "empresário" Alexandre Accioly, que foi o protagonista de um triste espetáculo de gastança para uma cidade combalida como o nosso Rio de Janeiro (Ilustrada, 16/7). Não importa o que cada um faz com a sua fortuna, mas é inconcebível que tais fatos tenham publicidade. Quantos se interessam por esse tipo de notícia? O 1,5 milhão de desempregados só na Grande São Paulo?"
Luiz Henrique Moura de Souza (Rio de Janeiro, RJ)

Drogas
"Em relação ao editorial "Maconha mais livre" (Opinião, pág. A2, 13/7), gostaria de saber qual é essa comunidade de países que está adotando posições mais liberais em relação às drogas? A Colômbia, que está dentro dessa tendência com a sua rede de distribuição? Ou seriam os países da Ásia, com suas "flores" que são industrializadas e distribuídas mundo afora. E não podemos nos esquecer da Nigéria, com os seus "camelos" que viajam pelo mundo num sistema que não reprime e tem bastante tolerância com quem suporta transportar alguns quilos de droga dentro de si. Se a Folha é a favor das drogas, eu sou contra as drogas e contra a Folha."
Marcos Pereira dos Santos (Ribeirão Pires, SP)

Nota da Redação - Evidentemente, a Folha se opõe ao uso de entorpecentes pelos danos que causa, no mínimo, à saúde do usuário. Constata, porém, que a repressão pura e simples não dá conta do problema. Propõe que o uso deixe de ser considerado crime, que o Estado intensifique campanhas de esclarecimento e que o tráfico seja reprimido.

Chance perdida
"No dia 17/7, estive no Memorial da América Latina para acompanhar a conferência a respeito da solidariedade com a Argentina -encontro do qual participaram Clóvis Rossi e o deputado Aloizio Mercadante. Foi ótimo escutar os relatos do passado e do presente brasileiro e argentino. Pena que Brasil e Argentina não aproveitaram a chance que tiveram no passado de fazer uma liderança de verdade para tornar a América do Sul uma potência mundial."
Kleber Cardoso (São Paulo, SP)

Políticas sociais
"O editorial "Lei de talião" (Opinião, pág. A2, 19/7) é um desses textos que deveria ser de leitura obrigatória para qualquer candidato a cargo público nas próximas eleições. O melhor assunto que apareceu até agora na campanha ao governo paulista, por exemplo, é uma disputa sem precedentes por quem acredita mais no bordão "Rota na rua". Ora, medidas de endurecimento de penas, de aumento da brutalidade policial e de construção de presídios já estão em prática em nosso país -e vêm se acentuando nos últimos 10 anos. Contudo os índices de criminalidade não deixam de subir. Já é hora de os postulantes aos cargos mais importantes da nação pensarem na implementação de medidas que, de fato, ajudem a romper o ciclo de violência que estamos vivendo. Políticas sociais para jovens das periferias, desarmamento, aproximação da polícia com a comunidade, investimento em inteligência policial, combate à corrupção na Justiça e na polícia e uma drástica reformulação em nosso sistema prisional certamente constituem melhores opções do que repetir chavões ineficazes, que só tentam se aproveitar do alto grau de medo da população."
Denis Mizne, diretor-executivo do Instituto Sou da Paz (São Paulo, SP)

Lugar-comum
"Não há como não parabenizar Carlos Heitor Cony por suas excelentes palavras no texto "O lugar-comum na literatura e no cinema" (Ilustrada, pág. E18, 19/7). Além de toda a sua explanação sobre os clichês literários e cinematográficos, podemos nos deleitar com suas idéias, sempre enriquecedoras. Como leitora, espero que o seu cansaço da "ladeira íngreme que todos os dias tem de subir" não o leve a cessar de produzir os seus textos, pois ele é um dos maiores prazeres literários desse jornal."
Juliana Hermano (São Paulo, SP)



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