São Paulo, terça-feira, 20 de julho de 2010

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ELIANE CANTANHÊDE

A volta dos que não foram

BRASÍLIA - Há duas perguntas que não querem calar nas eleições deste ano em Brasília:
1) Por que raios Joaquim Roriz decidiu se candidatar de novo e tentar ser governador pela quinta vez, agora pelo PSC? Ele já não é nenhum menino aos quase 74 anos e governou o Distrito Federal quatro vezes vezes -quatro vezes! Já não deu tudo o que poderia dar e tirou tudo que poderia tirar do cargo? Não chega? Não é suficiente?
2) E por que Roriz, que assumiu o mandato de senador em fevereiro de 2007 e renunciou em julho, quatro meses depois da posse e 12 dias depois de ser apontado como o beneficiário de um cheque de R$ 2,23 milhões, saiu correndo do Senado e agora não teme mais as mesmas denúncias, que continuam aí, iguaizinhas ou até piores, no Ministério Público e no Tribunal de Justiça? Por que em 2007, sem resposta e morto de medo, ele correu da raia? E por que agora, só três anos depois, resolve enfrentar tudo de novo? O que mudou?
Afinal, as denúncias são oriundas de grampos telefônicos e envolvem recursos do Banco de Brasília, o BRB, num escândalo que empurrou para a cadeia Tarcísio Franklin de Moura, que presidiu a instituição durante oito anos de governo de Roriz no DF.
Quieto e sem mandato, Roriz pode confiar na Justiça e continuar cuidando de suas fazendas e sua incalculável fortuna pessoal. Assanhado e candidato, não deve confiar nem um pouco no MP e na imprensa. Aquelas coisinhas todas que o deixaram apavorado a ponto de pular do Senado tão rápido vão estar de volta logo, logo. É questão de tempo, ou de oportunidade.
De outro lado, a candidatura mais forte contra ele é a de Agnelo Queiroz (ex-PC do B, atual PT), que não tem escândalos desse calibre, mas também não encanta nem anima ninguém e acaba se beneficiando do voto por exclusão.
Sinceramente, a capital da República já viveu tempos melhores.

elianec@uol.com.br


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