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ELIANE CANTANHÊDE
A volta dos que não foram
BRASÍLIA - Há duas perguntas que
não querem calar nas eleições deste
ano em Brasília:
1) Por que raios Joaquim Roriz
decidiu se candidatar de novo e
tentar ser governador pela quinta
vez, agora pelo PSC? Ele já não é nenhum menino aos quase 74 anos e
governou o Distrito Federal quatro
vezes vezes -quatro vezes! Já não
deu tudo o que poderia dar e tirou
tudo que poderia tirar do cargo?
Não chega? Não é suficiente?
2) E por que Roriz, que assumiu o
mandato de senador em fevereiro
de 2007 e renunciou em julho, quatro meses depois da posse e 12 dias
depois de ser apontado como o beneficiário de um cheque de R$ 2,23
milhões, saiu correndo do Senado e
agora não teme mais as mesmas denúncias, que continuam aí, iguaizinhas ou até piores, no Ministério
Público e no Tribunal de Justiça?
Por que em 2007, sem resposta e
morto de medo, ele correu da raia?
E por que agora, só três anos depois, resolve enfrentar tudo de novo? O que mudou?
Afinal, as denúncias são oriundas de grampos telefônicos e envolvem recursos do Banco de Brasília,
o BRB, num escândalo que empurrou para a cadeia Tarcísio Franklin
de Moura, que presidiu a instituição durante oito anos de governo
de Roriz no DF.
Quieto e sem mandato, Roriz pode confiar na Justiça e continuar
cuidando de suas fazendas e sua incalculável fortuna pessoal. Assanhado e candidato, não deve confiar nem um pouco no MP e na imprensa. Aquelas coisinhas todas
que o deixaram apavorado a ponto
de pular do Senado tão rápido vão
estar de volta logo, logo. É questão
de tempo, ou de oportunidade.
De outro lado, a candidatura
mais forte contra ele é a de Agnelo
Queiroz (ex-PC do B, atual PT), que
não tem escândalos desse calibre,
mas também não encanta nem anima ninguém e acaba se beneficiando do voto por exclusão.
Sinceramente, a capital da República já viveu tempos melhores.
elianec@uol.com.br
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