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A CRISE DA VARIG
Prolonga-se de modo preocupante o impasse em torno do
encaminhamento de uma solução
para a crise da Varig, a empresa de
aviação brasileira que opera a maior
rede de vôos internacionais. Dois
possíveis desenlaces são indesejáveis: o fechamento da empresa ou
uma operação de salvamento que
implicasse sacrifício às contas públicas e permitisse que a direção da
companhia prosseguisse nas mãos
de seus atuais controladores.
O desaparecimento da Varig teria
conseqüências danosas não apenas
do ponto de vista do emprego -problema que poderia ser em parte compensado pela absorção por outras
companhias de aviação dos trabalhadores dispensados. O fim da empresa também implicaria a perda de ativos importantes, como uma marca
conhecida mundialmente e um faturamento anual, nas operações internacionais, que agrega mais de US$ 1
bilhão às contas externas.
Faria sentido, portanto, um processo de reestruturação da empresa
orientado para soluções de mercado,
o que não é nada simples. Nesse sentido, a participação do Estado deveria
ser a mais transitória e transparente
possível e ter como contrapartida garantias de um projeto novo e consistente de gestão da empresa. Em outros países operações desse tipo já foram realizadas no setor aéreo, que se
caracteriza por uma demanda instável e por uma estrutura de oferta e de
custos muito rígida -o que tende a
exigir algum tipo de suporte público.
Dentre as empresas que passaram
por reestruturações com participação do Estado estão a SwissAir, a Alitalia, a Air France e a British Airways.
Isso não significa, em absoluto,
que a Varig deva ser salva a todo custo e mereça privilégios negados às
suas concorrentes. Seria intolerável
se o governo viesse a estatizar a companhia ou a injetar recursos numa
daquelas clássicas e perdulárias operações de salvamento que o país já teve oportunidade de presenciar.
O que cabe ao governo é tentar criar
uma regulamentação para o setor
que, sem sacrificar a concorrência, o
torne mais atraente a novos investidores, os quais poderiam, em conjunto com credores, assumir a Varig.
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