São Paulo, sexta-feira, 20 de agosto de 2004

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A AMEAÇA DO SEQÜESTRO

O seqüestro é um crime especialmente sórdido: a vítima é arrebatada de sua família e mantida num cativeiro em condições no mais das vezes desumanas; os familiares são covardemente chantageados para que paguem o resgate, com os perpetradores ameaçando matar a vítima a sangue frio. Essa situação absolutamente desestruturante pode prolongar-se por meses.
A natureza abjeta desse crime já justifica a onda de pânico que tomou de assalto setores das classes média e alta paulistanas com a divulgação de casos em que foram vítimas alunos de algumas das mais tradicionais escolas de São Paulo. O temor encontra amparo nos números. Segundo a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, houve um aumento de 16,6% no total de seqüestros na capital no segundo trimestre deste ano contra igual período de 2003. No Estado, o crescimento foi de 13,7%.
Em números absolutos, no segundo trimestre de 2004 registraram-se 33 seqüestros. No semestre, foram 60 casos. Não deixa de ser um alívio constatar que houve queda em relação os 89 casos que se verificaram no segundo trimestre de 2002, ano em que o delito viveu seu pico. Em termos probabilísticos, é maior o risco de um paulistano morrer num acidente de trânsito ou contrair uma doença grave do que ser seqüestrado. Esse tipo de raciocínio, contudo, não basta para tranqüilizar ninguém.
Para agravar a sensação de insegurança, os delinqüentes, que, apesar da crueldade, se movem por considerações racionais, têm preferido atacar jovens, que se descuram mais facilmente da segurança e cujos pais, ansiosos por reaver seus filhos, cumprem rapidamente as exigências.
Infelizmente, não existem receitas mágicas para acabar com os seqüestros. O remédio mais eficaz é a polícia elucidar os casos e capturar os autores, de modo a convencer possíveis seqüestradores de que não serão contemplados com a impunidade.


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