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CLÓVIS ROSSI
Aplausos e perguntas
SÃO PAULO - Parabéns aos governos de São Paulo e da União pela
iniciativa de tentar asfixiar financeiramente o PCC.
Cabem algumas observações:
1 - Por que o poder público brasileiro é geralmente tão lerdo?
Ajuda-memória: em maio, houve
a primeira ofensiva do PCC, a mais
espetacular de todas. Diante dela,
no dia seguinte, os agentes do Estado (e da União, obviamente) deveriam sentar-se à mesa e determinar
a asfixia. Só agora, três meses depois, vão começar a tentar.
Não era necessária "expertise" na
matéria, pela obviedade dela. Havia
até o antecedente norte-americano, que partiu para esse tipo de conduta como resposta aos atentados
do 11 de Setembro. E os ataques do
PCC têm características de terrorismo, destituído de vernizes políticos, ideológicos ou religiosos.
2 - Quantos séculos vai levar para
o bloqueio financeiro se tornar de
fato eficaz? Se o poder público leva
três meses para acordar, é justo supor que levará três anos para sair da
cama, até porque, logo, logo, passam as urgências eleitorais, que parecem ser as únicas a de fato espicaçar autoridades.
3 - Qual é o complemento jurídico? Explico, embora seja óbvio: não
basta suspeitar ou dizer que fulano
de tal é membro do PCC e, portanto, suas contas serão bloqueadas.
Inúmeras CPIs produziram catataus de denúncias ou suspeitas sobre uma penca de pessoas, mas só
uma fração mínima foi presa ou sofreu qualquer outra punição.
O poder público tem poder e
competência investigativa não só
para chegar às contas mas também
para apresentar elementos de prova que convençam o Judiciário a
bloqueá-las? O Judiciário, por sua
vez, tem agilidade para verificar as
provas e tomar decisões rápidas em
conseqüência?
Mais do que nunca, é hora de verificar se o poder público, fonte de
grande parte do problema, consegue ser também a solução.
crossi@uol.com.br
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