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ELIANE CANTANHÊDE
O que foi, o que fica
BRASÍLIA - As grandes ausências
na semana de estréia dos programas eleitorais de TV: partidos,
ideologia, promessas, vices, políticos, aliados, Congresso, mensalão,
sanguessugas, cassações e não-cassações, violência, PCC, cuecas,
Land Rover, caseiros e crescimento
econômico à la Haiti.
E as grandes presenças: em primeiro lugar, os candidatos; em segundo lugar, os candidatos; em terceiro lugar, os candidatos. Depois,
os números -de famílias, de casas
populares, de programas sociais, de
preços de cimento e de arroz. Mais
uma sucessão de fortes sotaques de
nortistas, nordestinos, sulistas. E,
enfim, a classe média dos grandes
centros.
No saldo, tem-se uma campanha
política muito pouco política, sem
debates, sem confronto de propostas e de idéias, centrada em personalidades e ditada por métodos
científicos. Ou seja: completamente sem emoção e sem razão.
Não cabe nem a máxima "diga-me com quem andas e te direi quem
és". Os vices não são puxadores de
votos. E interessa a Lula dizer que
vinha andando com Dirceu, com
Palocci, com PTB, PP e PL? Ou a
Alckmin dizer que anda com FHC?
Quem deveria se apresentar como líder foi resumido a gerente: o
gerente Lula (quem diria?) e o gerente Geraldo Alckmin, que se imaginava imbatível como gerente e
não esperava que Lula fosse concorrer com ele justamente por aí.
Cristovam Buarque preferiu o
personagem professor, e Heloísa
Helena, essa, sim, faz campanha
pouco científica e mais tradicional:
no gogó, criticando tudo e todos e
pregando mudanças -mais ou menos como o Lula "de antes".
Nesse contexto e nesse formato,
leva vantagem quem tem o que
mostrar. Números, por exemplo.
Cristovam não tem, HH nunca governou nada, Alckmin governou
um Estado, Lula governa um país.
Adivinhe quem leva vantagem?
elianec@uol.com.br
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