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Promessas e desencontros
UM MÊS depois do pior acidente da história -e quase 11 após o segundo mais
mortífero-, o governo federal
ainda não apresentou uma resposta satisfatória para a questão
aeroportuária. O balanço de
ações e promessas contabiliza alguns passos promissores em
meio a desencontros.
O ministro Nelson Jobim, debutante na Defesa, movimentou-se bastante, produziu boas frases
e boas fotos. Do "Aja ou saia, faça
ou vá embora" à alegoria do pragmatismo felino -"Não interessa
a cor do gato, mas saber se come
os ratos"- tomada de Deng
Xiaoping, caprichou na eloqüência. Mas o estadista determinado
também andou batendo cabeça.
O esperado banimento de jatos
executivos de Congonhas não
ocorrerá. Também do aeroporto
da capital seriam transferidos 21
vôos comerciais para Viracopos,
disse Jobim num sábado -e voltou atrás na quinta seguinte.
Após depoimento no Congresso, o titular da Defesa aferrou-se
a uma idéia -diminuir o número
de assentos nos aviões- que está
longe de ser prioritária quando o
básico do sistema de transporte
aéreo está em colapso. Corrigir a
baderna na malha aérea exigirá a
imposição de algum ônus às empresas, cujos interesses imperaram sobre o público até aqui. Seria prudente evitar embates
acessórios, até para não dar às
companhias mais pretexto para
aumento de tarifas.
A mudança na diretoria da Infraero, o desafogo emergencial
de Congonhas, o entrosamento
com o governo paulista e o restabelecimento da cadeia de comando em seu ministério são os
aspectos positivos da gestão Jobim até aqui. O ministro agora
promete apresentar ao presidente Lula um plano para a ampla
reformulação da burocracia do
setor aéreo. Espera-se que a partir daí Nelson Jobim consiga levantar vôo das ações paliativas,
rumo às soluções estruturais.
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