São Paulo, segunda-feira, 20 de agosto de 2007

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Promessas e desencontros

UM MÊS depois do pior acidente da história -e quase 11 após o segundo mais mortífero-, o governo federal ainda não apresentou uma resposta satisfatória para a questão aeroportuária. O balanço de ações e promessas contabiliza alguns passos promissores em meio a desencontros.
O ministro Nelson Jobim, debutante na Defesa, movimentou-se bastante, produziu boas frases e boas fotos. Do "Aja ou saia, faça ou vá embora" à alegoria do pragmatismo felino -"Não interessa a cor do gato, mas saber se come os ratos"- tomada de Deng Xiaoping, caprichou na eloqüência. Mas o estadista determinado também andou batendo cabeça.
O esperado banimento de jatos executivos de Congonhas não ocorrerá. Também do aeroporto da capital seriam transferidos 21 vôos comerciais para Viracopos, disse Jobim num sábado -e voltou atrás na quinta seguinte.
Após depoimento no Congresso, o titular da Defesa aferrou-se a uma idéia -diminuir o número de assentos nos aviões- que está longe de ser prioritária quando o básico do sistema de transporte aéreo está em colapso. Corrigir a baderna na malha aérea exigirá a imposição de algum ônus às empresas, cujos interesses imperaram sobre o público até aqui. Seria prudente evitar embates acessórios, até para não dar às companhias mais pretexto para aumento de tarifas.
A mudança na diretoria da Infraero, o desafogo emergencial de Congonhas, o entrosamento com o governo paulista e o restabelecimento da cadeia de comando em seu ministério são os aspectos positivos da gestão Jobim até aqui. O ministro agora promete apresentar ao presidente Lula um plano para a ampla reformulação da burocracia do setor aéreo. Espera-se que a partir daí Nelson Jobim consiga levantar vôo das ações paliativas, rumo às soluções estruturais.


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