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VALDO CRUZ
A crise da crise?
BRASÍLIA - A turbulência no mercado financeiro internacional deu
um refresco na sexta-feira, mas
ninguém aposta uma ficha que ela
tenha chegado ao fim.
Por enquanto, seus efeitos por
aqui não são tão significativos. Mas
já inspiram cuidados. A dúvida é como os membros da equipe econômica do presidente Lula, que todos
sabem não rezar pela mesma cartilha, pretendem encarar a crise se
ela se agravar.
A ala classificada de conservadora dentro do governo, representada
pelo Banco Central e pelo Ministério do Planejamento, não hesitará
em propor medidas clássicas caso a
tormenta se intensifique -aperto
fiscal e monetário.
Ministério da Fazenda e Casa Civil, representantes dos desenvolvimentistas, não descartam a necessidade de fazer correções de rumo.
Rejeitam, porém, o que chamam de
uso "oportunista" da crise para adoção de medidas que possam pôr em
risco o ritmo de investimentos e
frear o crescimento do país.
Guido Mantega e Dilma Rousseff
não querem nem pensar, por exemplo, no que os diretores do BC já devem estar pensando: eventual interrupção do processo de queda das
taxas de juros. No máximo, admitem a contragosto a redução no ritmo de queda dos juros, deixando de
lado o corte de 0,50 ponto percentual para voltar ao 0,25.
Daí que a primeira crise financeira de verdade na era Lula pode reacender a velha disputa dentro da
equipe econômica do governo petista. Contenda que, por determinação do presidente, havia sido
posta de lado.
Por enquanto, essa fricção está
apenas no aquecimento. Ainda não
há necessidade de adotar medidas
emergenciais. É isso que Guido
Mantega dirá ao presidente.
Lula, porém, é antes de tudo um
conservador. Se o tempo fechar, diz
auxiliar muito próximo a ele, o receituário amargo pode ser colocado
novamente na mesa. A despeito dos
protestos de alguns. A conferir.
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