São Paulo, segunda-feira, 20 de agosto de 2007

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VALDO CRUZ

A crise da crise?

BRASÍLIA - A turbulência no mercado financeiro internacional deu um refresco na sexta-feira, mas ninguém aposta uma ficha que ela tenha chegado ao fim.
Por enquanto, seus efeitos por aqui não são tão significativos. Mas já inspiram cuidados. A dúvida é como os membros da equipe econômica do presidente Lula, que todos sabem não rezar pela mesma cartilha, pretendem encarar a crise se ela se agravar.
A ala classificada de conservadora dentro do governo, representada pelo Banco Central e pelo Ministério do Planejamento, não hesitará em propor medidas clássicas caso a tormenta se intensifique -aperto fiscal e monetário.
Ministério da Fazenda e Casa Civil, representantes dos desenvolvimentistas, não descartam a necessidade de fazer correções de rumo. Rejeitam, porém, o que chamam de uso "oportunista" da crise para adoção de medidas que possam pôr em risco o ritmo de investimentos e frear o crescimento do país.
Guido Mantega e Dilma Rousseff não querem nem pensar, por exemplo, no que os diretores do BC já devem estar pensando: eventual interrupção do processo de queda das taxas de juros. No máximo, admitem a contragosto a redução no ritmo de queda dos juros, deixando de lado o corte de 0,50 ponto percentual para voltar ao 0,25.
Daí que a primeira crise financeira de verdade na era Lula pode reacender a velha disputa dentro da equipe econômica do governo petista. Contenda que, por determinação do presidente, havia sido posta de lado.
Por enquanto, essa fricção está apenas no aquecimento. Ainda não há necessidade de adotar medidas emergenciais. É isso que Guido Mantega dirá ao presidente.
Lula, porém, é antes de tudo um conservador. Se o tempo fechar, diz auxiliar muito próximo a ele, o receituário amargo pode ser colocado novamente na mesa. A despeito dos protestos de alguns. A conferir.


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