São Paulo, sexta-feira, 20 de setembro de 2002

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MARCELO BERABA

O futuro da Bené

RIO DE JANEIRO - A prisão de Elias Maluco, principal acusado do assassinato de Tim Lopes, é a maior vitória do governo Benedita da Silva e traz novo ânimo para os debilitados petistas do Rio.
É o bom momento do governo, embora seja cedo para prever a sua repercussão eleitoral. A prisão pode ter vindo tarde. Duas semanas talvez sejam insuficientes para inverter a avaliação negativa da governadora e guindá-la para um segundo turno.
Do ponto de vista do desempenho administrativo, essa prisão pode indicar uma mudança de postura. Na raiz da forte rejeição à Bené estão a hesitação, a falta de rumo e a dificuldade de comunicação do governo, o que contaminou a campanha.
A área mais vulnerável foi exatamente a da segurança. A demora de quase quatro meses para prender Elias Maluco, que estava no mesmo morro onde Tim Lopes foi morto, foi uma das causas do desgaste.
O episódio de Bangu 1 da semana passada ainda está para ser mais bem avaliado. As mazelas do sistema penitenciário são antigas e não são de responsabilidade da governadora. Mas, com cinco meses, ela bem que poderia ter dado uma arrumação na zorra de Bangu 1. A crise sempre esteve anunciada.
Durante o episódio, o governo se saiu bem. Houve um momento, ainda pouco claro, em que poderia ter havido uma tragédia. Foi quando a governadora deu a ordem de invasão e um cordão de agentes penitenciários bloqueou a polícia. A ordem não foi cumprida (sinal de fraqueza), mas o final sem vítimas entre os reféns foi uma bênção.
A ação do governo depois de Bangu 1 tem sido forte. Diferentemente do que se aventou, os traficantes foram isolados, perderam regalias e estão sendo indiciados. A prisão de Elias Maluco e o endurecimento com os presos podem, aos poucos, transformar a imagem de fragilidade, embora os indicadores mensais de violência continuem ruins e permaneça a sensação de insegurança.


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