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ALÍVIO PARA ELÉTRICAS
A privatização do setor elétrico no Brasil, como se sabe,
acabou esbarrando numa série de dificuldades, tendo produzido forte e
perverso endividamento das distribuidoras. Para ter uma idéia, o estoque de dívida de até um ano dessas
empresas foi estimado entre R$ 8 bilhões e R$ 9 bilhões pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. Esse quadro crítico levou o BNDES a anunciar uma linha
de crédito de R$ 3 bilhões, com carência de quatro anos, para tentar recapitalizar até 25 empresas do setor.
O pacote prevê regras estritas de
acesso ao crédito. Em primeiro lugar, as empresas devem renegociar
as dívidas de curto prazo com bancos credores. Em segundo lugar,
precisam converter em capital todos
os créditos emprestados pelas matrizes estrangeiras. Em terceiro, não
podem ter créditos inadimplentes
com o BNDES. Em quarto, deverão
apresentar as futuras contas de luz
como garantia dos empréstimos.
Por fim, as distribuidoras, em até 42
meses, terão que listar suas ações pelo menos no nível 2 da Bovespa, que
reúne empresas com melhores padrões de transparência contábil.
A proposta de recapitalização é realista. Procura criar melhores condições para o setor enquanto o novo
modelo a ser implantado segue em
discussão. É ilusório acreditar que
nas condições atuais o governo deva
simplesmente entregar ao mercado a
tarefa de solucionar a crise.
É claro que o objetivo de recuperação patrimonial das empresas, embora saudável, é apenas um passo
inicial, não sendo suficiente para assegurar o mais importante, que são
os novos investimentos. Quanto a isso, as expectativas concentram-se
nos esforços que vêm sendo feitos
pelo Ministério de Minas e Energia
para produzir um novo arcabouço
para o setor. Trata-se de um processo extremamente complexo, que tem
contado com sugestões de diversos
agentes. Ele deve ser acompanhado
pelos interessados e amplamente
discutido, sob pena de o país ser novamente vitimado por desastres como o famigerado "apagão" de 2001.
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