São Paulo, domingo, 20 de setembro de 2009

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EMÍLIO ODEBRECHT

A força do nosso etanol

O ETANOL combustível brasileiro é motivo de orgulho para o país. Mesmo em meio à crise mundial, nossa produção não recuou: as vendas no mercado interno passaram de 9,101 bilhões de litros nos primeiros 6 meses de 2008 para 10,713 bilhões no mesmo período de 2009, um salto de 17,7%.
Tal vigor se deve a vários fatores, dos quais o mais importante são as décadas de esforço e talento de brasileiros investidos nesta área.
Nosso etanol é um combustível de alto desempenho e viável econômica, ambiental e socialmente.
Não precisa de subsídios, e sua produção vem sendo aperfeiçoada por empresas e pesquisadores de nosso país, nos diversos elos de sua cadeia produtiva.
Seus competidores são os hidrocarbonetos e outros biocombustíveis, como o feito a partir do milho nos EUA. Tem vantagens sobre ambos e poderia se expandir pelo mundo não fossem as barreiras comerciais.
O etanol de cana é sustentável por definição. O CO2 emitido pelo uso do combustível renovável no motor de um carro já foi compensado pela quantidade do mesmo gás absorvida pela planta durante seu crescimento. E é uma das energias renováveis que menos demanda a utilização de energia fóssil para sua produção.
A emissão de CO2 pelo etanol de cana é 89% menor que a da gasolina, ao passo que no caso do etanol de beterraba, usado em alguns países europeus, tal redução é de 46%, e no de milho, de apenas 31%.
O etanol de milho americano é totalmente dependente de subsídio público e, ao taxar a importação do etanol brasileiro, os Estados Unidos prejudicam simultaneamente nossa economia, sua própria economia e o combate à crise climática global.
Vez por outra acusam o Brasil de tratar mal os trabalhadores do setor. Alguns países usam tal pretexto para impedir a venda de nosso etanol lá fora. Mas as condições nos canaviais, que de fato já foram ruins, mudaram.
Hoje, os contratos de trabalho incluem transporte, saúde, alojamentos, alimentação, equipamentos de proteção individual e até mesmo a requalificação, pois a mecanização do plantio e do corte da cana avança e acabará por modernizar radicalmente o trabalho na área.
Adicionalmente, via cogeração, nossas usinas produzem energia elétrica tão limpa como a de origem hídrica e tende a crescer a produção dos chamados plásticos verdes, cuja matéria-prima, o etanol, substitui a nafta e o gás natural.
Cedo ou tarde os biocombustíveis ocuparão o lugar dos hidrocarbonetos como locomotivas da economia mundial. Quando este dia chegar, estaremos prontos para ocupar o lugar que nos cabe.


EMÍLIO ODEBRECHT escreve aos domingos nesta coluna.

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