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Em banho-maria
FERNANDO RODRIGUES
Brasília - É comum ouvir deputados
reclamando da morosidade da Justiça
no Brasil. Têm razão, os deputados.
Mas é curioso que esses parlamentares não reclamem da lentidão da Câmara dos Deputados quando essa instituição se atrasa no seu dever de também promover justiça.
É o caso de seis processos de cassação
de deputados que estão à espera de
uma data para serem votados pelo
plenário da Câmara.
Os processos, só para relembrar, envolvem os seguintes deputados: Pedrinho Abrão (PTB-GO), acusado de cobrar propinas de uma empresa; Osmir
Lima (PFL-AC), Zila Bezerra
(PFL-AC) e Chicão Brígido
(PMDB-AC), acusados de vender o voto a favor da emenda da reeleição;
Adelaide Néri (PMDB-AC), acusada
de concordar em pagar um aluguel
para ocupar uma vaga na Câmara; e
Chicão Brígido, de novo, acusado de
alugar sua vaga de deputado.
O caso de Pedrinho Abrão está para
fazer aniversário. Completará um ano
no início de dezembro. A venda de votos surgiu em maio passado. O aluguel
de mandato é mais recente, de agosto.
Como todos já passaram pela Comissão de Constituição e Justiça, dependem apenas de uma decisão do
presidente da Câmara, Michel Temer
(PMDB-SP), para ir a plenário.
Temer está preocupado. Sabe que esses parlamentares serão absolvidos
pelo plenário. O espírito de corpo vai
prevalecer.
Com a absolvição, a gestão de Temer
ficará marcada. Por mais que se declare a favor da punição, ele terá sido
o presidente da Câmara no comandou
da instituição durante os processos
que resultaram em impunidade.
Por conta disso, Temer decidiu que
vai esperar o melhor momento para a
votação em plenário. Uma sessão em
que os deputados se mostrem mais
propensos a aprovar a cassação. Mesmo que seja só em 98, ano eleitoral.
Não deixa de ser uma estratégia.
Principalmente se der resultado e houver cassações. Mas a minha intuição
me permite dizer que esse atraso todo
será apenas isso mesmo: um atraso.
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