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São Paulo, segunda-feira, 20 de outubro de 2003

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PAINEL DO LEITOR

Oriente Médio
"Assim como o leitor Marx Golgher ("Painel do Leitor" de anteontem) parece orgulhar-se de sua origem judaica, eu me orgulho, com certeza, de minha origem árabe, principalmente porque grande parte da cultura e do humanismo judaicos -que os governos israelenses e seus apoiadores em todo o mundo parecem renegar- é oriunda do contato dos judeus com a magnífica civilização árabe-muçulmana na península Ibérica medieval, naquilo que ficou conhecido como a "idade de ouro" do judaísmo.
Acrescento que a luta dos palestinos na Terra Santa não é contra judeus, cristãos ou muçulmanos, mas contra os seus opressores -que, atualmente, são judeus. Moral da história: ninguém é "melhor" ou "pior" por ser judeu, cristão ou muçulmano, mas, sim, pelos atos que pratica ou deixa de praticar."
Mauro Fadul Kurban (São Paulo, SP)

Madre Teresa
"Madre Teresa de Calcutá é um exemplo de caridade e fé a ser seguido por todos, independentemente de religião, raça ou ideologia; uma mulher que dedicou grande parte de sua vida ao serviço dos mais necessitados e humildes. Recebemos a beatificação de Madre Teresa com alegria, na esperança da construção de um mundo cada vez melhor. Que seu exemplo se espalhe pelo planeta."
Tancredo Fagundes Lins (Contagem, MG)

Igreja e preservativos
"É lamentável ler uma notícia como a publicada em Mundo (página A11, 14 de outubro), em que o cardeal colombiano Alfonso Trujillo propõe uma campanha contra o uso de preservativos. Já não nos bastam os milhões de contaminados pelo vírus HIV e o efeito devastador da doença na região central da África? O papel social da Igreja Católica também deve ser de orientação. Será que só o teremos se o próximo papa for africano?"
Renato Baladore (Itapeva, SP)

Empresários
"O artigo do presidente da Fiesp, Horacio Lafer Piva ("Tendências/Debates" de ontem, pág. A3), mostra claramente que o nosso empresariado ouviu o galo cantar, mas não sabe onde. Ao afirmar que, para os empresários, "é claro o destino de uma empresa que reduz ano após ano o poder de compra dos seus funcionários", o senhor Piva talvez não tenha se dado conta de que isso é exatamente o que os empresários privados -que, segundo ele, entendem de gestão como ninguém- fazem há décadas no Brasil.
Estudos recentes mostram que os assalariados brasileiros perdem renda ano após ano, não só por força do desemprego, mas também pela substituição de trabalhadores por outros com salários menores. Isso ocorreu apesar de o trabalhador brasileiro ter melhorado sua especialização e estar trabalhando mais, já que "herdou" as tarefas dos demitidos.
É fácil perceber quem se beneficiou dessa perda. Se alguém perde, alguém ganha; e os beneficiários, como mostra o IBGE em estudo recente sobre a concentração de renda no Brasil, foram o 1% mais rico da população, onde seguramente estão o sr. Piva e seus colegas.
Longe de mim qualquer compaixão pelos funcionários públicos brasileiros, mas, como o artigo do senhor Piva não parece ser um daqueles casos de "faça o que eu mando, não faça o que eu faço", aplicado o know-how dos nossos empresários privados à administração pública, teremos mais pessoas trabalhando mais, ganhando salários irrisórios e consumindo menos no Brasil. Ou, resumindo, mais crise e concentração de renda."
Celso Balloti (São Paulo, SP)

Viagem de Benedita
"Ver o senador Arthur Virgílio, do PSDB, criticar com "unhas e dentes" e cobrar os recursos gastos na viagem da ministra Benedita da Silva à Argentina é simplesmente ridículo. Como líder do governo Fernando Henrique, ele nunca explicou (aliás, sempre defendeu) o sumiço do patrimônio público nos oito anos de governo tucano, por meio de privatizações irregulares e indecentes e do aumento da dívida pública de R$ 70 bilhões para R$ 700 bilhões. E o PSDB ainda diz fazer "oposição construtiva"."
Ary Braga Pacheco Filho (Brasília, DF)
 

"A disposição do vice-presidente José de Alencar em devolver aos cofres públicos os gastos com a viagem feita por Benedita da Silva a Buenos Aires, para participar de um ato religioso, não muda em nada a situação da ministra.
Isso equivale a dizer: "Cometam irregularidades com a coisa pública. Se ninguém descobrir, tudo bem. Se descobrirem, façam o ressarcimento aos cofres públicos e tudo acabará bem". É como se um ladrão, devolvendo o que roubou, apagasse o crime cometido. Se Benedita errou, ela deve ir além do ressarcimento que o próprio PT preconiza e renunciar ao cargo, pois provou que não é capaz de zelar pela coisa pública. Se Alencar também errou, que tenha a dignidade de deixar o cargo. O povo brasileiro não merece dirigentes que errem dessa forma."
Simão Pedro Marinho (Belo Horizonte, MG)

Políticos transgênicos
"A partir de fortes evidências, como o gosto por viagens, a elevação dos juros, o tratamento dado aos funcionários públicos e a liberação da soja transgênica, é praticamente certa a identificação do gene introduzido na carga genética de Lula, após sua posse: trata-se do FHC-3."
Alvaro Bernal de Almeida (João Pessoa, PB)

Combate à Aids
"Virou samba de uma nota só o famigerado programa brasileiro de combate à Aids. O artigo de Drauzio Varella "A Aids e os favelados da ONU" (Ilustrada de anteontem) repete o ufanismo em torno da "doença cartão-postal", credita o sucesso a poucos e nem sequer menciona a decisiva participação das organizações não-governamentais no combate à epidemia. Temos orgulho das respostas que ajudamos a construir, mas chega de comemoração: há muito que fazer.
Hoje mesmo, na cidade de São Paulo, faltam leitos para internação e exames imprescindíveis para o monitoramento da saúde dos pacientes. No país já vivem 600 mil infectados; todos os dias, 27 pessoas morrem de Aids e outras 58 iniciam tratamento na rede pública."
Eduardo Barbosa e Mário Scheffer, do Fórum de ONGs/Aids do Estado de São Paulo (São Paulo, SP)

Cinema brasileiro
"É uma pena que o cineasta Rogério Sganzerla não seja um nome conhecido pelo grande público. Ele foi e é um dos mais criativos diretores do Brasil; seu filme "O Bandido da Luz Vermelha" é um exemplo disso. Como uma espécie de versão brasileira do cinema "noir" americano, está longe de ser um ato de submissão à cultura dos EUA. Pelo contrário, é um longa genuinamente brasileiro, que não ficou datado com o tempo. A capa da Ilustrada de ontem, dedicada ao cineasta, é uma justa homenagem."
Mateus Beleza Rocha (Belo Horizonte, MG)


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