São Paulo, terça-feira, 20 de novembro de 2001

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PAINEL DO LEITOR

Nau do Descobrimento
Com referência à notícia "Nau Capitânia está abandonada no Rio", (Brasil, pág. A12, 18/11), impõem-se alguns esclarecimentos: 1) O projeto da construção da nau não é do Ministério da Cultura, mas do Ministério do Esporte e Turismo. Desse modo, o Ministério da Cultura não se dispõe a pagar uma dívida relativa a algo que não lhe pertence. Embora tenha sido declarada intenção dos proponentes da nau, doá-la ao Ministério da Cultura depois de concluída, tal doação não ocorreu até o momento. A aprovação do projeto na Comissão Nacional de Incentivo à Cultura não qualifica o Ministério da Cultura como proprietário da nau, dizendo respeito apenas ao reconhecimento do caráter cultural do projeto que ganhou, desse modo, a possibilidade de captação de recursos com as isenções previstas em lei. 2) A doação prevista não se realizou até hoje porque o convênio firmado entre o Ministério do Esporte e Turismo e o Instituto Memorabilia foi rescindido. A razão da rescisão está no fato de que a nau ficou impossibilitada de navegar na data prevista. 3) O Ministério da Cultura considera que seria pelo menos impróprio reivindicar a doação de uma propriedade que nasce da iniciativa de outras instituições. Se a doação vier a se efetivar, estará preparado para recebê-la, sempre que isso não signifique qualquer ônus para seu orçamento.
Francisco C. Weffort, ministro da Cultura (Brasília, DF)

Greves e fracassos
"A greve da Volkswagen em São Paulo e as longas greves das universidades federais, do INSS e do Judiciário inauguraram uma nova estratégia sindical, principalmente de sindicatos ligados à CUT: o sindicalismo de fracassos. A tentativa de impor acordos apenas do seu ponto de vista, às vezes com pedidos inviáveis ou equivocados, levam a impasses insolúveis. A questão de aumentos diferenciados (por mérito) é fundamental para que os Poderes Executivo e Judiciário tenham funcionários públicos de excelência e bastante motivados, pois um aumento igual para todos pune quem trabalha com qualidade e nivela todos por baixo. No caso da Volkswagen, embora a demissão de 3.000 funcionários tenha sido arbitrária, a empresa foi levada a isso pela intransigência do Sindicato dos Metalúrgicos. Luiz Marinho foi à Alemanha e voltou com a mesma proposta inicial da empresa, um pouco piorada e agora propala que a categoria venceu. A intransigência sempre foi péssima conselheira e os sindicalistas de fracassos deveriam lembrar-se de um velho adágio popular: um mau acordo é melhor que acordo nenhum."
Arnaldo Giraldo (São Paulo, SP)

Racismo e direitos
"O texto "Memória da infância na guerra", publicada dia 13/11 na Ilustrada, retrata MV Bill, um cidadão talentoso, corajoso e consciente que afirma que "quem é preto consegue perceber racismo no olhar. Quem não é não consegue, acha que é neurose". O cineasta afro-americano Spike Lee, em recente entrevista a este jornal, tem posições semelhantes ao artista brasileiro quando analisa condições sociais desfavoráveis a que são submetidos os afro-descendentes brasileiros. A Folha promove grandes debates com personalidades do mundo e estaria fazendo a coisa certa agendando um encontro MV Bill e Spike Lee. Ambos vivenciam a dura conquista por direitos civis, o que descrevem através da arte musical e cinematográfica."
Elenice A. Semini (São Paulo, SP)

Cinema nacional
"Cumprimento a Folha pelos belíssimos artigos de Mario Sergio Conti (9/11) e de Inácio Araujo (15/11). Dar espaço para o cinema nacional é fundamental, principalmente se tratando dessa verdadeira obra de arte de Luiz Fernando Carvalho, "Lavoura Arcaica". É uma rara exceção exemplar, uma ode àqueles que acreditam no seu trabalho. Pena que politicamente o Brasil esteja confinado, porque, neste momento, ninguém melhor para nos representar para indicação ao Oscar como "Lavoura Arcaica". Viva o verdadeiro cinema brasileiro."
Vicente Kulka (São Paulo, SP)

Projetos culturais
O Grupo Silvio Santos acompanha com interesse as atividades de seu vizinho, o Teatro Oficina, mencionadas em carta enviada a esta coluna pelo dramaturgo Tommy Piedra. Sabemos da luta do Oficina para obter o patrocínio da Petrobras, com o objetivo de gravar em DVD seu repertório da década de 90; sabemos do esforço do Oficina para, com verbas da Secretaria de Estado da Cultura, estudar a montagem de Os Sertões. O Grupo Silvio Santos pretende, com seu Centro de Entretenimento, Lazer e Cultura, participar da revitalização do bairro [Bexiga, em São Paulo]. A melhoria da iluminação, do calçamento, da segurança, de acordo o projeto de revitalização, beneficiará diretamente o Oficina que, além disso, terá nas proximidades maior afluxo de público, que poderá interessar-se pela compra de ingressos de suas atrações culturais. O Teatro Oficina e o Centro de Entretenimento, Lazer e Cultura do Grupo Silvio Santos, juntos, contribuirão para reviver os melhores dias de uma região que se tornou famosa pela qualidade de seu entretenimento, lazer e cultura.
Carlos Brickmann, assessor de imprensa do Grupo Silvio Santos (São Paulo, SP)

Reforma na OAB
"Com referência ao texto publicado na coluna Mônica Bergamo em 3/10, sob o título "OAB em chamas", gostaria de esclarecer o que segue: 1) A reforma da sede da Caasp (Caixa de Assistência dos Advogados de São Paulo) custou R$ 2.719.090,12. 2) A adaptação do prédio, que antes era um banco, e a compra de mobiliário e equipamentos técnicos para 15 andares, consultórios médicos, gabinetes odontológicos, farmácia, livraria, três auditórios (sendo o maior com capacidade para 230 pessoas), anfiteatro, salão de convenções, hall social, heliponto, refeitório, cozinha industrial, sauna, vestiário, ar-condicionado em todos os andares, restauração para atender às exigências do Condephaat (órgão estadual que cuida do patrimônio histórico) e às do Compresp (órgão municipal que também cuida do patrimônio histórico), equipamentos de telefonia e decoração, entre outros itens, custou R$ 1,18 milhão. 3) A sede da Caasp, após sua inauguração, foi assegurada em R$ 10 milhões, conforme apólice número 0511100000872 da Companhia United de Seguros, e é o maior patrimônio dos advogados paulistas, sendo frequentemente utilizada pela OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) dada a sua versatilidade de espaço e mobilidade funcional para cursos, palestras e seminários. 4) Auditoria da empresa Villas Rodil Auditores e Consultores concluiu que tanto a compra do imóvel quanto sua reforma "não evidenciam qualquer irregularidade e se apresentam como adequadas". 5) O balanço financeiro da Caasp no período de 1/12/96 a 30/11/97 foi publicado no jornal da entidade, ano 1, número 5, página 14. Essa publicação teve tiragem de 150 mil exemplares e foi enviada a todos os advogados do Estado de São Paulo."
Roberto Ferreira, ex-presidente da Caasp (São Paulo, SP)

Resposta da jornalista Mônica Bergamo - A correspondência reafirma a correção dos valores publicados: no total, gastaram-se na nova sede R$ 3,9 milhões. A nota publicada pela Folha foi baseada nos dados de perícia técnica contratada pela própria Caasp, que concluiu que se gastaram "na reforma cerca de 15,5% a mais do que se gastaria para construir o mesmo prédio no mesmo local a preços de mercado".



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