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IRAQUE EM QUESTÃO
O presidente norte-americano, George W. Bush, reafirmou ontem, em discurso no Reino
Unido, as linhas gerais de sua política em relação ao Iraque, assegurando, como esperado, que os norte-americanos não irão recuar. Em nova
demonstração de força militar, o
pronunciamento foi precedido pelos
mais intensos bombardeios contra
alvos iraquianos desde o anúncio oficial do fim dos combates.
Anunciada como um episódio da
guerra contra o terrorismo, a invasão, como se sabe, contou com amplo apoio da população norte-americana. A percepção generalizada nos
EUA era a de que Saddam Hussein
constituía uma ameaça iminente à
segurança e à paz mundiais. A intervenção, porém, acabou gerando,
com o passar do tempo, críticas e
desconfianças nos próprios EUA, a
exemplo do que já ocorria em diversos outros países, incluindo tradicionais aliados de Washington.
Segundo o jornal "USA Today", os
norte-americanos relutam em admitir que ir a uma guerra possa ter sido
um erro. Em nenhum momento da
Guerra do Golfo, em 1991, registrou-se maioria contrária. Foram necessários mais de três anos de Vietnã para
que a parcela dos que censuravam a
intervenção se mostrasse maior do
que a dos que a apoiavam. Em 1971,
quando o presidente Nixon já retirava tropas, ainda cerca de 40% defendiam a guerra.
Segundo pesquisa Gallup, realizada na semana passada, no caso do
Iraque a decepção poderá ocorrer de
forma inédita. É verdade que 56%
dos norte-americanos afirmam que a
invasão valeu a pena. A margem de
erro da pesquisa, porém, é de 3 pontos, o que permite levantar a hipótese
de um quadro de divisão de opiniões.
Contribuem para essa leitura alguns
sinais enfáticos de insatisfação. Em
abril, por exemplo, 80% dos norte-americanos aprovavam a atuação do
país no Iraque. Na semana passada
eles eram apenas 42%.
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