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TRABALHO INFANTIL
São extremamente preocupantes as informações de que o
trabalho infantil cresceu ao longo
dos últimos meses. Pior, não se trata
de uma ligeira alta, mas de um aumento de 76%. O dado foi apurado
na PME (Pesquisa Mensal de Emprego), do IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística). De acordo
com o instituto, o contingente de
crianças entre 10 e 14 anos que trabalham saltou de 75 mil em setembro
de 2002 para 132 mil em setembro último. A PME é feita nas seis principais regiões metropolitanas do país.
A principal explicação para o fenômeno, aventada por técnicos do próprio IBGE, é a queda na renda do trabalhador. Jovens que antes não trabalhavam passaram a fazê-lo para
complementar o orçamento familiar. Em setembro passado, a renda
média real do trabalho caiu 14,6%
em relação a setembro anterior.
A Constituição veda o trabalho a
menores de 16 anos, salvo na condição de aprendiz e, ainda assim, apenas a partir dos 14. Embora muitos
considerem esse veto algo irrealista,
não há dúvidas de que é fundamental
garantir que todo jovem frequente a
escola. Admitir que um garoto de
apenas dez anos troque os estudos
pelo trabalho é incentivar a exclusão
social. É praticamente condená-lo a
exercer apenas trabalhos precários e
mal remunerados pelo resto de sua
existência.
O melhor remédio para essa situação são programas como o Bolsa-Escola. De um lado, eles reduzem a necessidade de o jovem trabalhar para
ajudar no orçamento familiar. De outro, ao cobrar a presença das crianças
na escola, procura criar as condições
para que a família possa no futuro
romper o ciclo vicioso miséria-ignorância-miséria.
Seria irrealista esperar que contingências macroeconômicas não tivessem nenhum efeito sobre o trabalho
infantil, mas essa é mais uma razão
para o governo atuar com firmeza
sobre o problema.
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