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CLÓVIS ROSSI
Teimar é preciso
SÃO PAULO - É justa a reclamação do presidente Lula contra os
empresários que estão demitindo
funcionários. Justa em termos, melhor dito. Justa se se refere, como o
fez o presidente, a empresas que
cortam pessoal para manter o nível
de lucratividade que, em muitos casos, foi espantoso nos últimos
muitos anos.
Quando o corte se dá para evitar
entrar no vermelho, é triste, mas
não há alternativa. Ou melhor, a alternativa é correr o risco de quebrar
a companhia, com o que o número
de postos de trabalho perdido será
exponencialmente maior.
Na hora da dificuldade é que se
vai ver se os copiosos relatórios sobre "responsabilidade social" são
para valer ou apenas propaganda.
O primeiro círculo de "responsabilidade social" está formado pelos
funcionários. Dividir com eles os
lucros, na bonança, e as dores (via
redução do lucro), na hora do aperto, deveria ser um lema de ferro de
qualquer companhia que leve a sério sua responsabilidade social.
Escrevo o parágrafo anterior, releio-o e vem uma baita vontade de
deletá-lo sumariamente, porque vai
parecer piegas, tolinho, idealismo
deslocado no tempo.
Tão deslocado que a índole mais
profunda de uma fatia importante
do empresariado se revelou na proposta de "flexibilização" da legislação trabalhista, desancada à perfeição por Ricardo Melo dias atrás
nesta mesma página.
Mantenho, no entanto, o parágrafo boboca, menos por esperança
de que convença alguém e mais por
teimosia e coerência com tantos parágrafos escritos ao longo do tempo, tempo demais aliás.
A propósito: os dados sobre desemprego ontem divulgados pelo
IBGE (7,6% em novembro, 0,1 ponto percentual acima do de outubro,
mas o menor para novembro desde
2002) só mostram que o passado
recente já não conta a história do
futuro imediato, que tende a ser de
desemprego em crescimento.
crossi@uol.com.br
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