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FERNANDO RODRIGUES
O império da mediocridade
BRASÍLIA - Só há uma certeza no
episódio da farra dos vereadores:
deputados e senadores estão desconectados dos interesses do país.
Apenas quem tivesse acabado de
chegar ao planeta Terra e estivesse
desinformado sobre a crise econômica global seria capaz de propor o
incrível aumento de 7.343 vagas nas
Câmaras Municipais brasileiras.
A novela teve um enredo torto, do
início até o estágio atual. Na madrugada de quarta para quinta-feira, os
senadores aprovaram a emenda
constitucional dos vereadores. Por
justiça, eis os nomes dos que foram
contrários a ela: Cristovam Buarque (PDT-DF), João Pedro (PT-AM), Kátia Abreu (DEM-TO), Raimundo Colombo (DEM-SC) e Tião
Viana (PT-AC).
Os deputados fingiram uma reação no dia seguinte. O presidente da
Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), teve um chilique. Recusou-se a
promulgar a emenda. Alegou uma
alteração no mérito, pois os senadores separaram para votar depois
uma (relativamente inócua) restrição ao aumento dos gastos de câmaras municipais.
Se a atitude dos senadores votando durante a madrugada foi digna
de uma república bananeira, os deputados não fizeram por menos. O
pecado original nasceu na Câmara.
Os deputados iniciaram o processo
de aumento de vagas nas Câmaras
Municipais. Ninguém consegue explicar a razão pela qual o país melhorará com mais 7.343 vereadores
remunerados. Esse é o ponto.
Alegar uma eventual restrição
nos gastos é como aproveitar esta
época do ano e escrever uma carta a
Papai Noel. Está para nascer o político capaz de produzir 7.343 vagas
de vereadores no Brasil sem aumentar o custo para o Estado.
Em meio a esse império da mediocridade, Câmara e Senado mais
uma vez se omitem. Deixaram a palavra final para a Justiça. Depois,
certamente, reclamarão da judicialização da política.
frodriguesbsb@uol.com.br
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