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ALÍVIO NA ARGENTINA
Após um ano de negociações
tortuosas, o governo argentino
chegou a um acordo técnico com o
Fundo Monetário Internacional
(FMI) na semana passada. O acordo
não proporciona dinheiro novo para
o país, mas sinaliza um abrandamento das posições anteriores do
FMI e dos países do G-7, que se opunham a um acordo antes das próximas eleições agendadas para o mês
de março deste ano.
No financiamento previsto, US$
6,6 bilhões serão destinados ao pagamento de débitos com o próprio
FMI; US$ 4,4 bilhões, para liquidação de compromissos no Banco
Mundial e no Banco Interamericano
de Desenvolvimento. Trata-se, portanto, de garantir a rolagem das dívidas com as instituições multilaterais.
Em contrapartida, o governo argentino se comprometeu em manter um
superávit fiscal de 2,5% do PIB, inflação anual em 22%, dólar flutuando
entre 3,30 e 3,50 pesos e o fim da
emissão pelas províncias de bônus
que funcionam como moedas.
O acordo, mesmo que limitado,
constitui um passo importante para
que a Argentina reorganize sua economia e, no futuro, consiga pagar
suas dívidas. Durante o ano de 2002,
a queda no PIB foi da ordem de 11%,
a taxa de desemprego ficou em 18%.
A contenção da demanda interna
manteve a inflação sob controle e
possibilitou um superávit comercial
superior a US$ 16 bilhões.
Para o retorno do país ao mercado
financeiro internacional, falta articular um plano de renegociação da dívida externa com os credores privados, num total estimado em US$ 95
bilhões. Os bônus do país estão sendo negociados no mercado secundário com um deságio de 77% do valor
de face. Alguma perda deverá ser imposta aos credores. Caso contrário, o
país dificilmente poderá sair da depressão em que se encontra.
O alívio proporcionado pelo acordo com o FMI nos desembolsos externos do país possibilita que a política econômica seja implementada
num clima de menor intranquilidade. Isso pode ser decisivo no momento político atual.
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