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São Paulo, terça-feira, 21 de janeiro de 2003

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ALÍVIO NA ARGENTINA

Após um ano de negociações tortuosas, o governo argentino chegou a um acordo técnico com o Fundo Monetário Internacional (FMI) na semana passada. O acordo não proporciona dinheiro novo para o país, mas sinaliza um abrandamento das posições anteriores do FMI e dos países do G-7, que se opunham a um acordo antes das próximas eleições agendadas para o mês de março deste ano.
No financiamento previsto, US$ 6,6 bilhões serão destinados ao pagamento de débitos com o próprio FMI; US$ 4,4 bilhões, para liquidação de compromissos no Banco Mundial e no Banco Interamericano de Desenvolvimento. Trata-se, portanto, de garantir a rolagem das dívidas com as instituições multilaterais. Em contrapartida, o governo argentino se comprometeu em manter um superávit fiscal de 2,5% do PIB, inflação anual em 22%, dólar flutuando entre 3,30 e 3,50 pesos e o fim da emissão pelas províncias de bônus que funcionam como moedas.
O acordo, mesmo que limitado, constitui um passo importante para que a Argentina reorganize sua economia e, no futuro, consiga pagar suas dívidas. Durante o ano de 2002, a queda no PIB foi da ordem de 11%, a taxa de desemprego ficou em 18%. A contenção da demanda interna manteve a inflação sob controle e possibilitou um superávit comercial superior a US$ 16 bilhões.
Para o retorno do país ao mercado financeiro internacional, falta articular um plano de renegociação da dívida externa com os credores privados, num total estimado em US$ 95 bilhões. Os bônus do país estão sendo negociados no mercado secundário com um deságio de 77% do valor de face. Alguma perda deverá ser imposta aos credores. Caso contrário, o país dificilmente poderá sair da depressão em que se encontra.
O alívio proporcionado pelo acordo com o FMI nos desembolsos externos do país possibilita que a política econômica seja implementada num clima de menor intranquilidade. Isso pode ser decisivo no momento político atual.


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