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FRAUDE RENITENTE
Arrasta-se já há anos a novela
dos combustíveis adulterados
sem que a questão tenha sido pelo
menos equacionada. Fica a sensação
de que a liberalização e a desregulamentação do setor de distribuição de
derivados de petróleo mais prejudicou do que ajudou o consumidor.
A ANP (Agência Nacional de Petróleo), a quem caberia fiscalizar o mercado e zelar pela qualidade dos combustíveis, parece ainda pouco preparada para a tarefa. É verdade que os
percentuais de amostras de gasolina
fora de especificação vêm sofrendo
redução desde 2000, ano em que o
Programa de Monitoramento da
Qualidade dos Combustíveis começou a ser desenvolvido pela ANP. Em
2000, o índice de não-conformidade
da gasolina apurado pelo programa
foi de 12,5%, passando para 9,2% em
2001. Em 2002, o percentual foi de
8,1% entre janeiro e junho, caindo
para 5,7% em novembro. Mas ainda
são números muito elevados.
A agência deixa de realizar procedimentos que seriam básicos para
quem de fato pretende reduzir as
fraudes, como cruzar as informações produzidas por dois de seus departamentos. Parece incrível que a
unidade encarregada de monitorar a
qualidade dos combustíveis não visite especificamente os postos que cobram menos pelo combustível, como consta da lista publicada no próprio site da ANP. Preços muito baixos, por vezes inferiores aos custos
regulares, são um indício de fraudes.
O preço inferior ao da concorrência
pode ter várias explicações. Ele pode
ocorrer por força de liminares da Justiça isentando o posto do pagamento
de impostos. Pode decorrer até do fato de o combustível vendido ser produto de roubo de cargas, caso que estaria fora da jurisdição da ANP. Mas
não há explicação razoável para a
agência deixar de centrar o foco da
fiscalização em estabelecimentos
que vendem gasolina abaixo dos valores de mercado. O setor da distribuição de combustíveis tornou-se
pródigo em falcatruas muito em razão da desídia da fiscalização.
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