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UMA BATALHA GANHA
A aprovação da cobrança de uma
taxa sobre os rendimentos previdenciários dos servidores públicos inativos não significa que o governo ganhou a guerra de expectativas que se
trava em torno do Plano Real. Mas
significa que foi vencida uma batalha
-e das mais importantes.
Basta lembrar que o primeiro momento de dúvida, entre os investidores externos, a respeito da real disposição do governo brasileiro de fazer
um amplo ajuste fiscal ocorreu exatamente quando a contribuição dos
inativos não foi aprovada na Câmara,
no fim do ano passado.
Uma nova derrota, agora, só serviria, como é óbvio, para acelerar uma
turbulência que já é grande.
De todo modo, é importante deixar
claro que a aprovação do projeto é
mais importante para as expectativas
do que para o ajuste em si mesmo.
A arrecadação prevista com a nova
contribuição será de cerca de R$ 4,1
bilhões, um número isoladamente
significativo, mas modesto se analisado no conjunto de propostas para
o acerto das contas públicas.
Antes dessa votação, o Congresso já
havia aprovado medidas que representarão aumento de receita no valor
total de R$ 14,3 bilhões, praticamente sete vezes o valor da contribuição
dos servidores. Para não mencionar
o fato de que o aumento da alíquota
da CPMF trará para os cofres públicos outros R$ 7,2 bilhões em 12 meses, bem mais, portanto, que a contribuição dos inativos.
O fato de os inativos passarem a
contribuir não significa que o déficit
estrutural da Previdência estará eliminado ou ao menos equacionado. A
defasagem entre a receita e a despesa
previdenciária aumenta ano a ano,
como registrou esta Folha. Passou de
quase R$ 20 bilhões em 97 para mais
de R$ 26 bilhões no ano passado.
O ajuste agora aprovado significa
uma correção emergencial, que não
dispensa uma reforma de fundo mais
adiante. Por ora, vale um suspiro de
alívio pelo simbolismo da vitória em
uma batalha da dura guerra contra as
expectativas negativas.
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