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INCERTEZA AMERICANA
Crescem os sinais de fragilização da economia dos EUA. Ontem mais dois indícios preocupantes
foram divulgados. O déficit comercial do país alcançou US$ 44,2 bilhões em dezembro e fechou o ano
de 2002 em US$ 435,2 bilhões -valores recordes para um único mês e
para um ano. Ao lado disso, os preços por atacado tiveram alta inesperada e forte, subindo 1,6% em janeiro
-a maior alta desde janeiro de 1990,
muito maior do que a projetada pelo
mercado (0,5%).
Alguns analistas tomaram a alta
dos preços no atacado como sinal
positivo, que indicaria que a demanda está se expandindo a um ritmo firme. Mas os dados relativos ao mercado de trabalho não corroboram essa visão, pois revelam que os pedidos
de seguro-desemprego crescem, refletindo maiores demissões.
A aceleração da inflação pode ser
não um sintoma de demanda aquecida, mas, sim, uma consequência do
enfraquecimento do dólar, sobretudo ante o euro. E esse enfraquecimento do dólar -que tende a encarecer os produtos importados ou que
competem com importados- é fruto, entre outros fatores, justamente
do imenso déficit comercial dos
EUA, que mantêm suas contas externas em posição cada vez mais frágil.
Desde o ano 2000, os EUA se vêem
diante do desafio de administrar a reversão do ciclo de euforia na Bolsa de
Valores. Até o momento, isso vem
sendo feito com sacrifício bastante limitado da atividade econômica graças ao brusco aumento do déficit público e a cortes de juros muito agressivos. Mas o fôlego dessas iniciativas
dá mostras de desgaste.
A alta combinada dos déficits público e externo não pode ser sustentada indefinidamente. A iminência
da deflagração de um ataque ao Iraque, no entanto, dá a impressão de
que o governo Bush não hesita em
embarcar num esforço bélico que
tende a agravar esses desequilíbrios.
Em paralelo, o clima de guerra e de
indefinições ameaça abalar a já desgastada confiança dos consumidores e empresários norte-americanos.
A estratégia econômica e bélica de
Bush cria riscos crescentes de turbulência para a economia e as finanças.
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