São Paulo, domingo, 21 de fevereiro de 2010

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Editoriais

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Farsa nas Malvinas

A DISPUTA de quase dois séculos pela soberania sobre as ilhas Malvinas vive um novo e farsesco capítulo. O que move os ânimos argentinos, desta vez, é a perspectiva de exploração petrolífera nas águas próximas ao arquipélago do Atlântico sul. Sob posse britânica desde 1833, o território é reivindicado pelo país vizinho.
Embora testes indiquem, há mais de uma década, a existência de petróleo na região, só agora uma pequena empresa britânica decidiu instalar ali uma plataforma exploratória, 160 km ao norte das ilhas. As perfurações da Desire Petroleum determinarão se a extração do produto é viável.
A presidente Cristina Kirchner, no entanto, se mostra empenhada em dificultar o empreendimento. Seu governo determinou que navios com destino às Malvinas não poderão deixar os portos argentinos sem expressa autorização. O país também manifestou "o mais enérgico protesto" ante a perspectiva de exploração de petróleo, pelo Reino Unido, no arquipélago.
Em reação, o primeiro-ministro Gordon Brown defendeu a ação da empresa britânica e se disse preparado para defender o território e seus cidadãos. Esse tom beligerante é ainda mais descabido que o adotado pelos dois países em 1982, na escalada que culminou na Guerra das Malvinas.
A ditadura militar argentina, então em crise política, lançou mão da aventura nacionalista na tentativa de estender sua permanência no poder. A frustrada reconquista causou a morte de quase mil pessoas.
O recurso ao patriotismo em momento de crise explica também as ameaças de Cristina, às voltas com baixo crescimento econômico e inflação alta. A mandatária deve pedir a outros presidentes latino-americanos, reunidos amanhã e depois no México, apoio à sua causa. Cabe à diplomacia da região agir com equilíbrio e conter os ânimos.


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