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Farsa nas Malvinas
A DISPUTA de quase dois séculos pela soberania sobre
as ilhas Malvinas vive um
novo e farsesco capítulo. O que
move os ânimos argentinos, desta vez, é a perspectiva de exploração petrolífera nas águas próximas ao arquipélago do Atlântico
sul. Sob posse britânica desde
1833, o território é reivindicado
pelo país vizinho.
Embora testes indiquem, há
mais de uma década, a existência
de petróleo na região, só agora
uma pequena empresa britânica
decidiu instalar ali uma plataforma exploratória, 160 km ao norte
das ilhas. As perfurações da Desire Petroleum determinarão se a
extração do produto é viável.
A presidente Cristina Kirchner, no entanto, se mostra empenhada em dificultar o empreendimento. Seu governo determinou que navios com destino às
Malvinas não poderão deixar os
portos argentinos sem expressa
autorização. O país também manifestou "o mais enérgico protesto" ante a perspectiva de exploração de petróleo, pelo Reino
Unido, no arquipélago.
Em reação, o primeiro-ministro Gordon Brown defendeu a
ação da empresa britânica e se
disse preparado para defender o
território e seus cidadãos. Esse
tom beligerante é ainda mais
descabido que o adotado pelos
dois países em 1982, na escalada
que culminou na Guerra das
Malvinas.
A ditadura militar argentina,
então em crise política, lançou
mão da aventura nacionalista na
tentativa de estender sua permanência no poder. A frustrada reconquista causou a morte de
quase mil pessoas.
O recurso ao patriotismo em
momento de crise explica também as ameaças de Cristina, às
voltas com baixo crescimento
econômico e inflação alta. A
mandatária deve pedir a outros
presidentes latino-americanos,
reunidos amanhã e depois no
México, apoio à sua causa. Cabe à
diplomacia da região agir com
equilíbrio e conter os ânimos.
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