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São Paulo, sexta-feira, 21 de março de 2003

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EMERGÊNCIA CLIMÁTICA

Um estudo de cientistas britânicos e canadenses publicado na edição desta semana da revista "Nature" dá mais um passo no sentido de corroborar a tese de que o acúmulo na atmosfera de gás carbônico e outros gases pode ter relação direta com mudanças no clima do planeta. A partir de dados colhidos durante 40 anos por estações meteorológicas, a pesquisa reúne indicações de que esses gases provocam alterações na pressão atmosférica na superfície da Terra. Como a temperatura, a pressão tem influência sobre os ventos e os padrões pluviométricos.
Embora, segundo os próprios cientistas, o mecanismo exato do fenômeno ainda esteja por ser explicado, o estudo relaciona mudanças no clima do hemisfério Norte às variações de pressão, registradas em todos os modelos climáticos em que a concentração de gases aumenta. No norte da Europa, a redução da pressão seria responsável pela intensificação das chuvas no inverno, enquanto no sul seu aumento teria efeito inverso, com secas prolongadas.
A pesquisa reforça os argumentos dos que defendem uma redução urgente na emissão de gases, em especial o CO2, produto da queima de combustíveis fósseis, notadamente o petróleo. O Protocolo de Kyoto, acordo internacional destinado a reduzir essas descargas, só poderá entrar em vigor quando nações que representem 55% das emissões dos países industrializados o ratificarem.
Até agora, 97 países aderiram ao tratado, mas eles são responsáveis por 40,07% das emissões. Os EUA, que respondem sozinhos por 31,06% das descargas dos países industrializados, se retiraram do protocolo em 2001. A esperança é que a adesão da Rússia, prevista para este ano, permita sua implementação.
Não deixa de ser mais uma ocorrência trágica o fato de o governo norte-americano ter atrasado a aplicação de um acordo que parece fundamental para as próximas gerações dois anos antes de se lançar à guerra atual, que teria como um dos objetivos o controle das reservas petrolíferas iraquianas.


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