São Paulo, sexta-feira, 21 de maio de 2004

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MERCADO FRÁGIL

O volume de vendas do comércio varejista brasileiro, medido pelo IBGE, aumentou 11,36% em março, na comparação com o mesmo mês de 2003. Com isso, o comércio mostra desempenho positivo desde dezembro, após uma série de 12 meses negativos. Duas realidades exigem, porém, cautela na comparação: os péssimos resultados de março do ano passado e o fato de que aquele mês, ao contrário do que ocorreu em 2004, foi marcado pelos feriados de Carnaval.
Isso não significa que não haja indicações de melhoria, como atestam os números do primeiro trimestre, que registram um crescimento de 7,5% do volume de vendas. Apenas é preciso não perder de vista, como assinalou o próprio responsável pela pesquisa do IBGE, que o primeiro trimestre de 2004 não foi nada excepcional -"a base de comparação é que estava muito ruim".
Embora a pesquisa tenha apurado crescimento da venda de bens duráveis, o que demonstraria um relativo aumento da confiança do consumidor para assumir dívidas, a recuperação ainda está longe de representar uma mudança substancial do consumo interno, que continua sendo prejudicado, entre outros fatores, pelo crédito caro, o elevado desemprego e a fragilização do poder de compra das famílias.
A propósito, dados relativos à região metropolitana de São Paulo, divulgados ontem pela Fundação Seade e pelo Dieese, indicam que, em março, o rendimento médio dos trabalhadores caiu 1,5% em relação a fevereiro, passando a corresponder a R$ 943. É o segundo pior salário médio dos meses de março desde 1985, só ficando abaixo daquele apurado no ano passado, que foi de R$ 907.
A difícil situação da demanda interna ajuda a explicar a dura reação de representantes da indústria à decisão do Copom de manter os juros em 16%, o que foi interpretado como um endosso às pressões negativas dos mercados -que ontem reagiram mal- e um sinal de insensibilidade do Banco Central diante das questões relativas ao crescimento.


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