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MERCADO FRÁGIL
O volume de vendas do comércio varejista brasileiro, medido
pelo IBGE, aumentou 11,36% em
março, na comparação com o mesmo mês de 2003. Com isso, o comércio mostra desempenho positivo
desde dezembro, após uma série de
12 meses negativos. Duas realidades
exigem, porém, cautela na comparação: os péssimos resultados de março do ano passado e o fato de que
aquele mês, ao contrário do que
ocorreu em 2004, foi marcado pelos
feriados de Carnaval.
Isso não significa que não haja indicações de melhoria, como atestam
os números do primeiro trimestre,
que registram um crescimento de
7,5% do volume de vendas. Apenas é
preciso não perder de vista, como assinalou o próprio responsável pela
pesquisa do IBGE, que o primeiro
trimestre de 2004 não foi nada excepcional -"a base de comparação é
que estava muito ruim".
Embora a pesquisa tenha apurado
crescimento da venda de bens duráveis, o que demonstraria um relativo
aumento da confiança do consumidor para assumir dívidas, a recuperação ainda está longe de representar
uma mudança substancial do consumo interno, que continua sendo prejudicado, entre outros fatores, pelo
crédito caro, o elevado desemprego e
a fragilização do poder de compra
das famílias.
A propósito, dados relativos à região metropolitana de São Paulo, divulgados ontem pela Fundação Seade e pelo Dieese, indicam que, em
março, o rendimento médio dos trabalhadores caiu 1,5% em relação a fevereiro, passando a corresponder a
R$ 943. É o segundo pior salário médio dos meses de março desde 1985,
só ficando abaixo daquele apurado
no ano passado, que foi de R$ 907.
A difícil situação da demanda interna ajuda a explicar a dura reação de
representantes da indústria à decisão
do Copom de manter os juros em
16%, o que foi interpretado como um
endosso às pressões negativas dos
mercados -que ontem reagiram
mal- e um sinal de insensibilidade
do Banco Central diante das questões relativas ao crescimento.
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