São Paulo, sexta-feira, 21 de maio de 2004

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PAINEL DO LEITOR

Sem vergonha
"Em relação à fraude no Ministério da Saúde ("PF prende suspeitos de fraude de R$ 2 bi", Cotidiano, pág. C1, 20/5), vemos mais uma vez por que este país tem uma das mais altas cargas tributárias do mundo e não oferece uma contrapartida digna: os tributos sustentam a corrupção. Não falta dinheiro, falta é vergonha na cara -dos políticos e do povo que os elege."
Roberto de Camargo Zanini (São Paulo, SP)

França x Brasil
"Na reportagem "Vôo da alegria" da CBF veta boleiros" (Esporte, 19/5), a Folha comete um equívoco e induz seus leitores a acreditar que o ministro Agnelo Queiroz faz parte da comitiva que saiu do Brasil para assistir, em Paris, ao jogo entre as seleções do Brasil e da França. O repórter indicado pela Folha para viajar com o grupo afirma que há ministros na comitiva, mas não cita nomes. Uma falha, pois, se há ministros no grupo, o repórter deveria citar os nomes. Os dois ministros que confirmaram presença no jogo, citados em seguida pela reportagem, não estavam no avião da CBF, como é do conhecimento do repórter. Como a Folha tem compromisso com a verdade, seria bom esclarecer que o ministro Agnelo Queiroz esteve em Lausanne, na Suíça, nos dias 17 e 18, para acompanhar a reunião do Comitê Olímpico Internacional que definiu as cidades que concorrem para ser sede dos Jogos Olímpicos de 2012. Portanto ele não poderia estar no vôo com o repórter da Folha. O destino do segundo ministro citado também não foi apurado pelo repórter."
Adeildo Bezerra, assessor de Comunicação Social do Ministério do Esporte (Brasília, DF)

Nota da Redação - O texto em nenhum momento diz que Agnelo Queiroz esteve no vôo. Afirma, isso sim, que o ministro integra a comitiva brasileira.

TV
"Na coluna de televisão "Outro Canal", da edição de ontem da Folha (Ilustrada, pág. E8), foi usada de forma leviana a palavra "maquiagem" no título da nota sobre o balanço da TV Globo. "Maquiagem" de balanço quer dizer alteração, aglutinação ou omissão de lançamentos contábeis de forma a criar números mais bonitos ("maquiados'), mostrando uma situação contábil, econômica e financeira melhor do que a real. Repudiamos essa atitude irresponsável, já que os números divulgados correspondem à realidade, foram auditados por empresa externa internacional, têm acesso público e abrangem todas as informações exigidas na publicação de um balanço."
Luis Erlanger, Central Globo de Comunicação (Rio de Janeiro, RJ)

Governo
"A Folha não faz uma cobertura equilibrada sobre o governo Lula. Em 19/5, o jornal noticiou apenas na página B6, sem nenhum destaque na Primeira Página, o aumento recorde do emprego formal. E publicou, também na mesma Primeira Página, quatro notícias que podem ser consideradas negativas para o governo -com o destaque principal para o aumento de juros ao consumidor. Isso revela falta de ponderação, dada a importância da notícia sobre a geração de empregos. Não tenho nada contra o destaque dado aos juros absurdos e nada contra a linha editorial, que procura ser crítica e independente. Mas tenho observado -e essa não é a primeira vez- que as notícias positivas, especialmente as do campo econômico, têm tido pouco destaque. Há graves problemas na economia e na sociedade, sem dúvida. Mas me parece que a Folha, embora bastante crítica no período FHC, mencionava com maior ênfase as notícias que eram favoráveis ao governo daquela época."
Wagner W. de Sousa (Curitiba, PR)

 

"Mais uma vez o governo de Luiz Inácio Lula da Silva imita o antecessor, justamente no que não deveria. Como se não bastasse adotar a mesma política econômica, agora imita o congelamento da tabela do Imposto de Renda. É verdade que o crescimento da economia, o aumento do emprego e a justiça fiscal eram plataformas de campanha, mas ainda resta à administração petista algum espaço para ser coerente."
Dalmo Magno Defensor (São Paulo, SP)

Cotas
"A reserva de vagas nas universidades federais para alunos oriundos das escolas públicas, proposta pelo governo Lula, é uma tragédia anunciada para ocorrer daqui a 11 anos, que é o tempo correspondente ao ciclo do ensino fundamental e médio. Atualmente, os alunos ditos "ricos", que podem pagar escolas caríssimas, recebem uma preparação que os leva a conquistar boa parcela das vagas nas melhores universidades públicas do país. Com a implantação do regime de cotas para alunos da escola pública, teremos, a partir do próximo ano, uma corrida da classe média para matricular seus filhos nessas escolas para garantir que, no futuro, eles tenham mais chances de ingressar em uma boa universidade. Mas, como ocorre hoje com os cursinhos preparatórios para o vestibular, acontecerá o mesmo no ensino fundamental e médio. A busca pelo diploma da escola pública será apenas o "passaporte", mas a preparação será em cursinhos livres para ingressar no ensino fundamental e médio público. Espero que o governo Lula reveja essa posição e adote uma política da melhoria das condições globais do ensino fundamental e médio."
Paulo Toshio Udo, professor-adjunto do Departamento de Física da Universidade Estadual de Maringá (Maringá, PR)

 

"Tenho acompanhado a luta aguerrida da Folha contra as cotas para negros nas universidades. Infelizmente, com a discriminação racial que há no Brasil, os negros não possuem nenhum jornal de massa e provavelmente não estão nos conselhos editoriais dos principais meios de comunicação. No dia 2/5, editorial mencionou a criação de um "Tribunal Racial no Brasil", em referência à política de cotas adotada na Universidade de Brasília. Esse editorial compara as incipientes políticas de inclusão social dos negros no Brasil aos métodos do nazismo. A Folha desempenhou um papel importante na denúncia do racismo no Brasil, mas agora mostra-se contra os mecanismos para a promoção da igualdade racial. O editorial faz pensar que, no Brasil, não temos uma classificação racial oficial. Mas ela está presente quando qualquer brasileiro vai tirar sua cédula de identidade, fazer o alistamento militar, tirar passaporte e nos boletins de ocorrência policial e atestados de óbito. É natural que a Folha não aceite que vagas nas universidades públicas sejam preenchidas por critérios raciais e defenda políticas públicas universalistas, como os cursinhos para pobres. O problema das políticas universalistas que não trabalham com a componente racial é que não eliminam a discriminação racial no trabalho, na ocupação e no acesso à universidade."
Celso Ribeiro de Almeida, membro titular do Conselho Municipal de Desenvolvimento e Participação da Comunidade Negra de Campinas (Campinas, SP)


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