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São Paulo, sábado, 21 de junho de 2003

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CLÓVIS ROSSI

Importem a política externa

SÃO PAULO - Bem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva poderia importar a sua política externa.
Ao contrário das medidas na área econômica, até aqui reativas e feitas de muito medo e muita submissão aos mercados financeiros, a política externa é proativa e tenta, de fato, construir alternativas.
O presidente definiu, de cara, prioridade para o Mercosul e para a América do Sul, está agora estendendo-a às relações Sul/Sul, mas, não obstante, valoriza o entendimento com os Estados Unidos.
Goste-se ou não dos EUA e/ou de seu atual presidente, não há país no mundo que possa fazer de conta que a maior potência do planeta não existe ou não é importante para todos os demais.
Reconhecer o óbvio poderia conduzir a um de dois tipos de comportamento, ambos tolos ou condenáveis: a submissão ou o confronto. Diga-se que Lula, no primeiro encontro com Bush, ainda antes da posse, esteve a um passo da submissão ou, ao menos, da omissão.
De lá para cá, no entanto, disse as coisas que devem ser ditas, seja em relação a acordos comerciais, que são, no mundo moderno, o foco central de atenções, seja em relação ao multilateralismo que o Brasil defende desde sempre.
À hora de escrever, não tenho todas as informações sobre o que Lula e Bush disseram um ao outro em Washington, mas os relatos disponíveis permitem supor que o meio do caminho ideal (ou seja, nem submissão nem confronto) tenha sido trilhado.
Se de fato tiver sido assim, não é mérito só do presidente, mas, como é óbvio, também da diplomacia brasileira, uma das raras instituições tupiniquins com nível de Primeiro Mundo, se o leitor me permite esse desvio de colonizado.
Mas é mérito também do assessor internacional de Lula, Marco Aurélio Garcia, um dos raros auxiliares do presidente contra o qual há uma não tão surda conspiração da direita.
Talvez porque os incondicionais do mercado e dos EUA queiram que tudo seja, sim, submissão.


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