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CLÓVIS ROSSI
Importem a política externa
SÃO PAULO - Bem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva poderia importar a sua política externa.
Ao contrário das medidas na área
econômica, até aqui reativas e feitas
de muito medo e muita submissão
aos mercados financeiros, a política
externa é proativa e tenta, de fato,
construir alternativas.
O presidente definiu, de cara, prioridade para o Mercosul e para a
América do Sul, está agora estendendo-a às relações Sul/Sul, mas, não
obstante, valoriza o entendimento
com os Estados Unidos.
Goste-se ou não dos EUA e/ou de
seu atual presidente, não há país no
mundo que possa fazer de conta que
a maior potência do planeta não
existe ou não é importante para todos os demais.
Reconhecer o óbvio poderia conduzir a um de dois tipos de comportamento, ambos tolos ou condenáveis:
a submissão ou o confronto. Diga-se
que Lula, no primeiro encontro com
Bush, ainda antes da posse, esteve a
um passo da submissão ou, ao menos, da omissão.
De lá para cá, no entanto, disse as
coisas que devem ser ditas, seja em
relação a acordos comerciais, que
são, no mundo moderno, o foco central de atenções, seja em relação ao
multilateralismo que o Brasil defende desde sempre.
À hora de escrever, não tenho todas
as informações sobre o que Lula e
Bush disseram um ao outro em Washington, mas os relatos disponíveis
permitem supor que o meio do caminho ideal (ou seja, nem submissão
nem confronto) tenha sido trilhado.
Se de fato tiver sido assim, não é
mérito só do presidente, mas, como é
óbvio, também da diplomacia brasileira, uma das raras instituições tupiniquins com nível de Primeiro Mundo, se o leitor me permite esse desvio
de colonizado.
Mas é mérito também do assessor
internacional de Lula, Marco Aurélio
Garcia, um dos raros auxiliares do
presidente contra o qual há uma não
tão surda conspiração da direita.
Talvez porque os incondicionais do
mercado e dos EUA queiram que tudo seja, sim, submissão.
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