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São Paulo, sábado, 21 de junho de 2003

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LUCIANO MENDES DE ALMEIDA

A Igreja vive da Eucaristia

Celebramos na quinta-feira passada, 19/6, a festa litúrgica do "Corpo de Cristo", louvando e agradecendo a Deus pela grande dádiva da Eucaristia. Muito nos auxilia, neste ano, a bela Carta Encíclica do Papa João Paulo 2º -enviada a todos os fiéis em 17/4, por ocasião da Quinta-Feira Santa- sobre a Eucaristia e a sua relação com a Igreja ("Ecclesia de Eucharistia").
O texto, que vamos lendo e relendo, intensifica a nossa fé no mistério de amor do sacrifício de Cristo, que, derramando o seu sangue, sela para sempre a Nova e Eterna Aliança entre Deus e a humanidade. A Encíclica nos incentiva a viver a integridade da Eucaristia nos seus vários aspectos, como sacrifício que nos redime, como banquete que nos alimenta e como presença que guia e conforta os discípulos no cumprimento da missão que Cristo nos confia.
A tradição constante da Igreja, desde os primeiros séculos, mostra que as comunidades cristãs se mantiveram fiéis ao ensinamento do Senhor, sempre mais desejosas de haurir as riquezas do mistério eucarístico. A Igreja permanece vigilante e feliz diante desse dom divino, raiz de todos os outros dons. Reconhecemos, à luz do Concílio Vaticano 2º , que o sacrifício eucarístico é "fonte e centro de toda vida cristã" (L.G. 11).
Com efeito, na Eucaristia está contido todo o "tesouro espiritual da Igreja, isto é, o próprio Jesus Cristo", nossa Páscoa, o pão celeste que nos vivifica pelo sacrifício redentor. Concede-nos o dom do Espírito Santo, que nos ajuda a adorar e a amar o Pai.
A celebração eucarística abre-nos para a dupla perspectiva do horizonte da comunhão eterna e feliz com a Divina Trindade e entre nós e também para o compromisso de amar, já nesta vida, como Cristo nos exorta, assumindo a solidariedade e a partilha plena com os irmãos e irmãs.
Assim, a união com Jesus Cristo na Eucaristia nos move e nos encoraja à santidade pessoal, à vivência comunitária e ao dinamismo apostólico. É, portanto, na participação frequente do mistério eucarístico que encontramos a explicação da enorme energia espiritual que anima o testemunho dos discípulos de Cristo no cumprimento do preceito do amor.
Aprendamos com o Divino Salvador a amar de verdade, fazendo o bem a todos e começando pelos que padecem de fome e de doenças, pelos que sofrem nas prisões e nos exílios e se angustiam no desespero e na miséria moral.
O exemplo das pessoas santas nos ensina que é nas longas horas de adoração diante de Cristo na Eucaristia que se adquire a força para confiar em Deus, para resistir às tentações e para dedicar-se com heroísmo ao próximo nos claustros contemplativos e no atendimento incansável dos que passam por necessidades físicas e espirituais.
Lembro-me sempre do cardeal Francisco Van Thuan, que morreu em 16/9/2002, foi prisioneiro desde 1976 por nove anos em cela solitária no Vietnã e suportou as tribulações fortalecido pela Eucaristia, que conservava escondida no bolso da camisa, perdoando aos que o condenavam e rezando com amor por eles.
Louvemos a Deus por todos os que, de modo simples e despretensioso, se alimentam da Eucaristia e se empenham a cada dia em dar a vida pelos irmãos. A Igreja cumpre, com alegria, o mandamento da caridade que nasce do Coração de Cristo.


Dom Luciano Mendes de Almeida escreve aos sábados nesta coluna.


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