|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
LUCIANO MENDES DE ALMEIDA
A Igreja vive da Eucaristia
Celebramos na quinta-feira passada, 19/6, a festa litúrgica do
"Corpo de Cristo", louvando e agradecendo a Deus pela grande dádiva da
Eucaristia. Muito nos auxilia, neste
ano, a bela Carta Encíclica do Papa
João Paulo 2º -enviada a todos os
fiéis em 17/4, por ocasião da Quinta-Feira Santa- sobre a Eucaristia e a
sua relação com a Igreja ("Ecclesia de
Eucharistia").
O texto, que vamos lendo e relendo,
intensifica a nossa fé no mistério de
amor do sacrifício de Cristo, que, derramando o seu sangue, sela para sempre a Nova e Eterna Aliança entre
Deus e a humanidade. A Encíclica nos
incentiva a viver a integridade da Eucaristia nos seus vários aspectos, como sacrifício que nos redime, como
banquete que nos alimenta e como
presença que guia e conforta os discípulos no cumprimento da missão que
Cristo nos confia.
A tradição constante da Igreja, desde
os primeiros séculos, mostra que as
comunidades cristãs se mantiveram
fiéis ao ensinamento do Senhor, sempre mais desejosas de haurir as riquezas do mistério eucarístico. A Igreja
permanece vigilante e feliz diante desse dom divino, raiz de todos os outros
dons. Reconhecemos, à luz do Concílio Vaticano 2º , que o sacrifício eucarístico é "fonte e centro de toda vida
cristã" (L.G. 11).
Com efeito, na Eucaristia está contido todo o "tesouro espiritual da Igreja,
isto é, o próprio Jesus Cristo", nossa
Páscoa, o pão celeste que nos vivifica
pelo sacrifício redentor. Concede-nos
o dom do Espírito Santo, que nos ajuda a adorar e a amar o Pai.
A celebração eucarística abre-nos
para a dupla perspectiva do horizonte
da comunhão eterna e feliz com a Divina Trindade e entre nós e também
para o compromisso de amar, já nesta
vida, como Cristo nos exorta, assumindo a solidariedade e a partilha plena com os irmãos e irmãs.
Assim, a união com Jesus Cristo na
Eucaristia nos move e nos encoraja à
santidade pessoal, à vivência comunitária e ao dinamismo apostólico. É,
portanto, na participação frequente
do mistério eucarístico que encontramos a explicação da enorme energia
espiritual que anima o testemunho
dos discípulos de Cristo no cumprimento do preceito do amor.
Aprendamos com o Divino Salvador a amar de verdade, fazendo o bem
a todos e começando pelos que padecem de fome e de doenças, pelos que
sofrem nas prisões e nos exílios e se
angustiam no desespero e na miséria
moral.
O exemplo das pessoas santas nos
ensina que é nas longas horas de adoração diante de Cristo na Eucaristia
que se adquire a força para confiar em
Deus, para resistir às tentações e para
dedicar-se com heroísmo ao próximo
nos claustros contemplativos e no
atendimento incansável dos que passam por necessidades físicas e espirituais.
Lembro-me sempre do cardeal
Francisco Van Thuan, que morreu em
16/9/2002, foi prisioneiro desde 1976
por nove anos em cela solitária no
Vietnã e suportou as tribulações fortalecido pela Eucaristia, que conservava
escondida no bolso da camisa, perdoando aos que o condenavam e rezando com amor por eles.
Louvemos a Deus por todos os que,
de modo simples e despretensioso, se
alimentam da Eucaristia e se empenham a cada dia em dar a vida pelos
irmãos. A Igreja cumpre, com alegria,
o mandamento da caridade que nasce
do Coração de Cristo.
Dom Luciano Mendes de Almeida escreve aos
sábados nesta coluna.
Texto Anterior: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: A mão e a lareira Próximo Texto: Frases
Índice
|