São Paulo, segunda-feira, 21 de junho de 2004

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PLATAFORMA POLÍTICA

A governadora do Rio de Janeiro, Rosinha Matheus, fez uma grave acusação contra a Petrobras. Em cerimônia no Palácio do Planalto, na semana passada, disse estar "intrigada" com o fato de a empresa ter anulado a licitação da plataforma PRA-1, na qual o menor preço teria sido apresentado por um consórcio de empresários fluminenses. A governadora afirmou dispor de informações "extra-oficiais" de que a obra, que foi transferida para a Bahia, vai custar R$ 80 milhões a mais.
A PRA-1 será utilizada para escoar a produção de petróleo e de gás natural na Bacia de Campos, no Rio. A obra está orçada em R$ 1,3 bilhão e deverá gerar 2.500 empregos diretos.
A resposta do presidente da Petrobras, José Eduardo Dutra, deu bem a medida da animosidade que vem marcando as relações entre a governadora e instâncias federais: "Se eu fosse irresponsável, poderia falar também que há corrupção no governo do Rio, mas não vou falar isso".
Posteriormente, menos exaltado, Dutra procurou fornecer mais detalhes. Defendeu o caráter técnico da decisão e disse que o processo será auditado pelo Tribunal de Contas da União. O presidente da Petrobras já havia se comprometido também a tratar do caso em depoimento que prestará ao Senado nesta semana.
É extremamente danoso que se politizem questões econômicas relativas à Petrobras. Por ter surgido como monopólio, pelo papel estratégico que desempenha e pelo fato de que suas atividades repercutem diretamente na economia, a história da Petrobras é marcada por episódios em que o interesse político parece se sobrepor ao empresarial. A duras penas, vêm-se conquistando mais autonomia, mais transparência e mais profissionalização na gestão da empresa -embora ainda haja muito a avançar.
É de esperar que a direção da Petrobras preste esclarecimentos convincentes e que a governadora, ao fazer acusações dessa gravidade, apresente fatos, e não apenas ilações sem nenhuma comprovação.


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