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PLATAFORMA POLÍTICA
A governadora do Rio de Janeiro, Rosinha Matheus, fez
uma grave acusação contra a Petrobras. Em cerimônia no Palácio do
Planalto, na semana passada, disse
estar "intrigada" com o fato de a empresa ter anulado a licitação da plataforma PRA-1, na qual o menor preço
teria sido apresentado por um consórcio de empresários fluminenses.
A governadora afirmou dispor de informações "extra-oficiais" de que a
obra, que foi transferida para a Bahia, vai custar R$ 80 milhões a mais.
A PRA-1 será utilizada para escoar a
produção de petróleo e de gás natural na Bacia de Campos, no Rio. A
obra está orçada em R$ 1,3 bilhão e
deverá gerar 2.500 empregos diretos.
A resposta do presidente da Petrobras, José Eduardo Dutra, deu bem a
medida da animosidade que vem
marcando as relações entre a governadora e instâncias federais: "Se eu
fosse irresponsável, poderia falar
também que há corrupção no governo do Rio, mas não vou falar isso".
Posteriormente, menos exaltado,
Dutra procurou fornecer mais detalhes. Defendeu o caráter técnico da
decisão e disse que o processo será
auditado pelo Tribunal de Contas da
União. O presidente da Petrobras já
havia se comprometido também a
tratar do caso em depoimento que
prestará ao Senado nesta semana.
É extremamente danoso que se politizem questões econômicas relativas à Petrobras. Por ter surgido como
monopólio, pelo papel estratégico
que desempenha e pelo fato de que
suas atividades repercutem diretamente na economia, a história da Petrobras é marcada por episódios em
que o interesse político parece se sobrepor ao empresarial. A duras penas, vêm-se conquistando mais autonomia, mais transparência e mais
profissionalização na gestão da empresa -embora ainda haja muito a
avançar.
É de esperar que a direção da Petrobras preste esclarecimentos convincentes e que a governadora, ao fazer
acusações dessa gravidade, apresente fatos, e não apenas ilações sem nenhuma comprovação.
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