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PESQUISA TRANSPARENTE
É interessante e merece
apoio a idéia em consideração
por algumas das principais publicações médicas de exigir que laboratórios farmacêuticos tornem públicos
os resultados de todos os seus ensaios clínicos com drogas, sejam eles
favoráveis ou não ao produto.
Editores de 12 dos mais importantes periódicos, incluindo "The Journal of the American Medical Association", "The New England Journal of
Medicine", "The Lancet" e "The Annals of Internal Medicine", devem
decidir em breve se vão passar a demandar da indústria que registre
num banco de dados público todas
as pesquisas com medicamentos tão
logo elas sejam iniciadas. A empresa
também teria de apresentar os resultados obtidos ou explicar por que o
estudo foi interrompido.
A medida seria bem-vinda, pois é
crescente a impressão de que os laboratórios só tornam públicos os resultados que lhes interessam, escondendo o que possa prejudicar suas
vendas. Essa discussão ganhou força
depois da recente controvérsia em
torno do uso do antidepressivo Paxil,
da GlaxoSmithKline, por crianças. A
empresa é acusada de ter ocultado
estudos que mostravam que a droga
não funcionava melhor do que placebos. A Glaxo nega.
Os periódicos não têm, é evidente,
o poder de escrever leis, mas, juntos,
reúnem força o suficiente para exercer forte pressão sobre os laboratórios, os quais precisam das publicações de prestígio para divulgar seus
produtos e estudos.
Num mundo ideal, os estudos clínicos de novas drogas não seriam
feitos pelos laboratórios que as criaram, mas por agências independentes ou universidades. Na realidade,
porém, esses testes se tornaram tão
caros que a participação das empresas mostra-se imprescindível. É preciso, portanto, desenvolver novos
mecanismos para ampliar a transparência e a fidedignidade dos testes. É
exatamente nesse ponto que a proposta cogitada pelas publicações
médicas ganha importância.
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