São Paulo, segunda-feira, 21 de junho de 2004

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PESQUISA TRANSPARENTE

É interessante e merece apoio a idéia em consideração por algumas das principais publicações médicas de exigir que laboratórios farmacêuticos tornem públicos os resultados de todos os seus ensaios clínicos com drogas, sejam eles favoráveis ou não ao produto.
Editores de 12 dos mais importantes periódicos, incluindo "The Journal of the American Medical Association", "The New England Journal of Medicine", "The Lancet" e "The Annals of Internal Medicine", devem decidir em breve se vão passar a demandar da indústria que registre num banco de dados público todas as pesquisas com medicamentos tão logo elas sejam iniciadas. A empresa também teria de apresentar os resultados obtidos ou explicar por que o estudo foi interrompido.
A medida seria bem-vinda, pois é crescente a impressão de que os laboratórios só tornam públicos os resultados que lhes interessam, escondendo o que possa prejudicar suas vendas. Essa discussão ganhou força depois da recente controvérsia em torno do uso do antidepressivo Paxil, da GlaxoSmithKline, por crianças. A empresa é acusada de ter ocultado estudos que mostravam que a droga não funcionava melhor do que placebos. A Glaxo nega.
Os periódicos não têm, é evidente, o poder de escrever leis, mas, juntos, reúnem força o suficiente para exercer forte pressão sobre os laboratórios, os quais precisam das publicações de prestígio para divulgar seus produtos e estudos.
Num mundo ideal, os estudos clínicos de novas drogas não seriam feitos pelos laboratórios que as criaram, mas por agências independentes ou universidades. Na realidade, porém, esses testes se tornaram tão caros que a participação das empresas mostra-se imprescindível. É preciso, portanto, desenvolver novos mecanismos para ampliar a transparência e a fidedignidade dos testes. É exatamente nesse ponto que a proposta cogitada pelas publicações médicas ganha importância.


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