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A nota de Kassab
Depois de um bom começo, Kassab conduz administração mediana em São Paulo, mais preocupado com seu futuro político do que com a cidade
Não se pode acusar o prefeito de
São Paulo, Gilberto Kassab (sem
partido), de falta de confiança.
Na sabatina a que foi submetido
ontem pela Folha e pelo UOL, distribuiu cumprimentos para muita
gente, dos engenheiros da prefeitura ao deputado federal Paulo
Maluf (PP-SP) -e até para si próprio. Instado a avaliar sua gestão,
atribuiu-se nota 10, "pelo esforço,
pela vontade de acertar".
A população faz juízo bem diferente da administração Kassab.
Na mais recente pesquisa Datafolha, em março, ele recebeu a pior
nota de seu atual mandato, 4,6.
Incoerente, ao menos, o prefeito não foi. Na primeira sabatina de
que participou, há quatro anos,
também reivindicara nota 10. A
percepção da população em 2007
era ainda pior. Os paulistanos davam nota 3,9 ao político que entrara no lugar de José Serra (PSDB).
Daí em diante, houve sensível
melhora. Sua nota chegou a 6,6.
Mas, depois de um começo com
projetos inovadores e arrojados, a
gestão de Kassab perdeu inventividade e tornou-se mediana.
No que respeita ao trânsito, mazela paulistana típica, medidas
como a restrição à circulação de
caminhões e a diminuição no número de vagas de estacionamento
nas ruas contribuíram para aumentar a fluidez. Mas promessas
como a implantação de 66 km de
corredores de ônibus não saíram
da prancheta (a via preferencial
na Radial Leste deve ficar pronta
no final do mandato).
Na saúde, o compromisso de erguer três hospitais não se concretizou. As unidades AMA (Atendimento Médico Ambulatorial) ajudaram a reduzir a espera por serviços, mas a atenção continua precária para quem depende do sistema público de saúde.
Ainda há 100 mil crianças à espera de lugares em creches, embora as vagas tenham triplicado para
perto de 200 mil desde 2005. Houve melhorias nos salários de professores, e o "turno da fome" está
em extinção, mas o desempenho
dos alunos em exames patina.
Iniciativas como a Lei Cidade
Limpa ficaram, pouco a pouco,
eclipsadas pelo lixo que se acumula nas ruas e pelos alagamentos a cada verão. Espalha-se a percepção de abandono da cidade.
Na visão dos paulistanos, o administrador eficiente deu lugar ao
político empenhado só em colocar
de pé seu novo partido, o PSD
(Partido Social Democrático). A
invenção de um reduto que permita ao mesmo tempo apoiar o governo de Dilma Rousseff (PT) e
manter as boas relações com facções do DEM e do PSDB parece
monopolizar a atenção do alcaide.
O PSD pode firmar-se em breve.
A avaliação de Kassab como prefeito segue no sentido oposto.
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