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São Paulo, segunda-feira, 21 de julho de 2003

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SALÁRIOS E JUROS

Uma das justificativas do Banco Central para o conservadorismo com que tem tratado a evolução da taxa de juros dizia respeito aos riscos de uma "resistência inflacionária" alimentada pelo repasse de aumentos de preços aos salários.
Na sexta-feira, mais um indicador veio contrariar essa percepção. A Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) divulgou deflação de 0,35% na segunda quadrissemana de julho, a maior queda em mais de quatro anos. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), usado pelo BC para estabelecer as metas de inflação, já registrara em junho deflação de 0,15%.
As fortes restrições ao setor produtivo não apenas aprofundam o desemprego como afetam os salários. Pesquisa da Central Única dos Trabalhadores (CUT) envolvendo 30 categorias profissionais em São Paulo mostra que quase metade não conseguiu repor as perdas de inflação no primeiro semestre deste ano. Cerca de 27% delas ainda continuam em processos de negociação. Os temores quanto à generalização das reindexações salariais, portanto, parecem afastados -devendo, na realidade, ser trocados por apreensões sobre a queda de renda das famílias.
Registre-se, ainda, que grande parte dos reajustes obtidos por trabalhadores veio a ser parcelada, tendo seu impacto diluído ao longo do tempo. A pressionar, previsivelmente, os índices de inflação restam os próximos ajustes de tarifas públicas -situação contra a qual a política de juros elevados não se aplica.
As condições estão dadas para que o Comitê de Política Monetária (Copom) ofereça à economia brasileira uma boa notícia nesta semana. Em que pesem declarações não muito animadoras do ministro da Fazenda, que sugerem uma queda constante, mas bastante moderada dos juros, a expectativa dos setores produtivos é que a autoridade monetária sinalize firmemente uma reversão da atual conjuntura. Como disse o presidente Lula a líderes na Europa, já é hora de trocar o discurso dos ajustes pelo do crescimento.


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