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DE OLHO NA EXPORTAÇÃO
Num cenário de dificuldades
para o setor produtivo, os resultados da balança comercial têm
sido um aspecto bastante positivo da
economia brasileira. Os volumosos
superávits comerciais, em torno de
US$ 20 bilhões nos últimos 12 meses, contribuem para reduzir a chamada vulnerabilidade externa e diminuir a percepção de risco do país.
Como se sabe, o agronegócio, com
saldo externo de cerca de US$ 23 bilhões, tem desempenhado um papel
de ponta no aumento das exportações. Com investimentos em tecnologia e elevada produtividade, o setor
agroexportador beneficiou-se, também, da desvalorização do real, que
lhe propiciou forte estímulo para aumentar a produção. Contudo, as expectativas de redução nos preços de
produtos agrícolas no mercado internacional e a valorização da moeda
sinalizam que os resultados futuros
podem não ser tão espetaculares
quanto os verificados ultimamente.
Relatório sobre oferta e demanda
de grãos divulgado pelo Departamento de Agricultura dos EUA indica, além do crescimento da produção brasileira, aumento das safras
norte-americana (78,5 milhões de toneladas) e argentina (37 milhões de
toneladas). As estimativas convergem para uma queda significativa da
cotação da soja já no segundo semestre. Analistas consultados pelo jornal
"Valor" observam que o recuo nos
preços não deverá produzir desastres, mas representará perda considerável de rentabilidade para o setor.
Situações como essa servem para
reavivar a necessidade de que a pauta
de exportações brasileira evolua para
a incorporação de produtos mais sofisticados, com maior valor agregado e conteúdo tecnológico. Da mesma forma, setores exportadores que
vêm operando perto do limite da capacidade produtiva estão a demandar políticas industriais que facilitem
o financiamento de sua expansão. A
conquista de superávits comerciais
expressivos deve ser um objetivo permanente de atenção do governo, exigindo formulação e implantação de
políticas ativas e atenção com a evolução da taxa de câmbio.
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