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OPORTUNISMO PETISTA
As declarações do presidente nacional do PT, José Genoino, ao comemorar a decisão do Supremo Tribunal Federal que considerou constitucional a cobrança de
contribuição de servidores inativos,
serviram para fortalecer a impressão
de que o petismo se sente cada vez
mais desembaraçado para dar livre
curso à sua vocação centralizadora e
autoritária. Aos olhos de Genoino, o
presidente do STF, Nelson Jobim, é
um "homem de Estado" que irá colocar "o carro nos eixos".
As palavras do líder do PT são mais
um preocupante sintoma da rarefeita
consciência republicana instalada no
poder. O que significa, afinal, colocar o Supremo "nos eixos"? Tutelá-lo? Estaria o líder do PT convidando
o STF a transitar apenas pelos trilhos
preferidos pelo Executivo?
A desenvoltura com que representantes do governo e do PT atiram no
lixo seus pontos de vista do passado
já vai muito além do que os mais benévolos poderiam considerar como
saudável "autocrítica". Quando o
mesmo Nelson Jobim foi indicado
pelo presidente Fernando Henrique
Cardoso para ocupar a função de ministro do STF, lideranças petistas
não perderam ocasião para acusá-lo
de "líder governista" na mais alta
corte do país. Agora, quando o governismo é o PT, Jobim é tratado como correia de transmissão do Executivo no Poder Judiciário.
Essas manifestações de oportunismo político deixam às claras a incrível "flexibilidade" do petismo quando se trata de defender seu projeto de
poder. Os ventos mais favoráveis da
economia parecem enfunar ainda
mais a petulância do governo e do
partido, cujos luminares se sentem à
vontade para distribuir gracejos e
provocações e emitir seus rudimentares conceitos a respeito do funcionamento da democracia.
Quanto a isso, em pouco tempo já
se viu bastante: não se divisa no atual
governo nenhum sinal de verdadeiro
apreço pela tarefa de construir e fortalecer o arcabouço republicano do
país. Tudo se passa como se as instituições fossem simplesmente instrumentos a serem "colocados nos eixos" pelo partido com vistas à sua
perpetuação no poder.
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