São Paulo, sábado, 21 de agosto de 2004

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BARBÁRIE EM SÃO PAULO

Causa consternação o fato de que dez moradores de rua foram barbaramente agredidos no centro de São Paulo numa ação que provocou a morte de quatro deles. Os sobreviventes encontram-se em estado grave num hospital da cidade. O caso permanece envolto em mistério. A polícia ouviu testemunhas, mas afirma não ter, até aqui, pistas sobre a autoria da chacina.
No vazio de explicações, o secretário da Segurança, Saulo de Castro Abreu Filho, de quem se devem esperar ações, e não apenas presunções, compareceu a um programa de TV para estabelecer o que chamou de "premissas": afirmou que não é incomum a ocorrência de homicídios "entre eles", moradores de rua, muitas vezes envolvidos com bebida alcoólica e vítimas de problemas mentais, o que lhes retiraria o que "o que a gente chama de freio inibitório".
Já o promotor Carlos Cardoso, assessor especial da Procuradoria Geral de Justiça para direitos humanos, afirmou que as "evidências sugerem a ação de grupos de extermínio". Outra linha de investigação aventada pela própria polícia supõe a participação de comerciantes na bárbara agressão.
O episódio é de extrema gravidade e expressa o grau intolerável de violência e menosprezo pela vida que, lamentavelmente, se verifica hoje no Brasil, para vergonha de todos que ainda preservam os mínimos princípios de humanidade e de civilidade. Pessoas às quais a sociedade brasileira deveria propiciar os direitos básicos de subsistência vivem ao abandono e são covardemente assassinadas no centro da maior cidade do país, numa agressão que deixa perplexas as próprias autoridades responsáveis pela segurança pública.
É imperioso que o caso seja elucidado e os responsáveis levados a julgamento. Será o triunfo da barbárie e uma intolerável derrota da sociedade e de suas instituições se o crime permanecer imerso em trevas.


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