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BARBÁRIE EM SÃO PAULO
Causa consternação o fato de
que dez moradores de rua foram barbaramente agredidos no
centro de São Paulo numa ação que
provocou a morte de quatro deles. Os
sobreviventes encontram-se em estado grave num hospital da cidade. O
caso permanece envolto em mistério. A polícia ouviu testemunhas,
mas afirma não ter, até aqui, pistas
sobre a autoria da chacina.
No vazio de explicações, o secretário da Segurança, Saulo de Castro
Abreu Filho, de quem se devem esperar ações, e não apenas presunções,
compareceu a um programa de TV
para estabelecer o que chamou de
"premissas": afirmou que não é incomum a ocorrência de homicídios
"entre eles", moradores de rua, muitas vezes envolvidos com bebida alcoólica e vítimas de problemas mentais, o que lhes retiraria o que "o que
a gente chama de freio inibitório".
Já o promotor Carlos Cardoso, assessor especial da Procuradoria Geral de Justiça para direitos humanos,
afirmou que as "evidências sugerem
a ação de grupos de extermínio". Outra linha de investigação aventada pela própria polícia supõe a participação de comerciantes na bárbara
agressão.
O episódio é de extrema gravidade
e expressa o grau intolerável de violência e menosprezo pela vida que,
lamentavelmente, se verifica hoje no
Brasil, para vergonha de todos que
ainda preservam os mínimos princípios de humanidade e de civilidade.
Pessoas às quais a sociedade brasileira deveria propiciar os direitos básicos de subsistência vivem ao abandono e são covardemente assassinadas no centro da maior cidade do
país, numa agressão que deixa perplexas as próprias autoridades responsáveis pela segurança pública.
É imperioso que o caso seja elucidado e os responsáveis levados a julgamento. Será o triunfo da barbárie e uma intolerável derrota da sociedade
e de suas instituições se o crime permanecer imerso em trevas.
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