São Paulo, Sábado, 21 de Agosto de 1999
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PAINEL DO LEITOR

Julgamento no Pará

"O presidente Fernando Henrique Cardoso está confundindo democracia com plutocracia ao criticar a decisão do júri popular que julgou os acusados do massacre de Eldorado. Não há instituição mais democrática neste país do que o tribunal do júri, pois os juízes que o integram são os do povo, escolhidos por sorteio."
Oswaldo Catan (São Paulo, SP)

"Absolveram os oficiais que comandaram o massacre dos sem-terra em Eldorado do Carajás. Que ergam-se monumentos ao coronel Mário Pantoja, ao major José Maria Oliveira e ao capitão Raimundo Lameira, herdeiros diretos de Domingos Jorge Velho e Manuel Borba Gato. Brasil, 500 anos de impunidade e desrespeito aos direitos humanos."
Ítalo Cardoso, vereador pelo PT-SP (São Paulo, SP)

"Como bem coloca a leitora Sônia Bezerra de Vasconcelos (Painel do Leitor, 20/08) sobre o massacre de Eldorado do Carajás, ficam as perguntas: quem atacou quem? Quem estava infringindo a lei? Os PMs não são seres humanos, não têm família, não têm medo? Ou será que só armas de fogo é que matam, enxadas, foices, paus e pedras nada causam? E última pergunta: se você fosse atacado por um bando e estivesse armado, não atiraria?"
Jorge Roberto Balduzzi (São Paulo, SP)

"Não posso deixar de externar minha indignação pela absolvição dos oficiais no caso do massacre dos sem-terra em Eldorado do Carajás, no Pará. Será que os 19 corpos, com perfurações pelas costas, na testa e outros detalhes que comprovam que não foi apenas legítima defesa não falam mais alto do que uma fumaça flagrada saída da arma de um sem-terra? Esse resultado depõe contra a democracia e a justiça neste país."
Agnaldo Pereira Gomes (Tupã, SP)


Privatizações

"Quero cumprimentar a Folha pelo caderno especial sobre os serviços públicos privatizados. Pós-privatização põe o dedo na ferida: o Estado brasileiro foi desmontado sem antes criar instrumentos eficazes de regulação. O resultado disso são serviços caros e ineficazes que provocam a insatisfação do consumidor. É fundamental que essa questão seja discutida pela sociedade e a contribuição da Folha é inestimável."
Arnaldo Calil Pereira Jardim, deputado estadual pelo PPS-SP (São Paulo, SP)

"Discordo que o programa de privatização brasileiro foi um fracasso (Pós-privatização, 20/8).
No caso do setor elétrico, a maior parte das empresas mostrou uma melhora significativa nos serviços prestados. Por que não apresentar, por exemplo, a redução de perdas de energia e o aumento do número de consumidores de eletricidade? Talvez porque mostre que a população cada vez mais tem acesso a um bem básico como energia elétrica."
Vladimir do Nascimento Pinto (São Paulo, SP)

Agricultores e caminhoneiros

"No último quinquênio, pequenos agricultores e caminhoneiros, trabalhando no vermelho, transportaram o Real. Agora a gordura acabou. Com a frota de caminhões e máquinas agrícolas sucateada, temos que eleger novos heróis para o próximo quinquênio. Quem quiser ser candidato, levante a mão!"
David Molles (São João da Boa Vista, SP)


Poder na Venezuela

"Para falar do presidente venezuelano Hugo Chávez, basta consultar o verbete "ditadura" na própria enciclopédia distribuída pela Folha: "aquele que, investido no governo, concentra em suas mãos todos os poderes". Resta saber se, como poder de exceção, irá ficar assim por no máximo seis meses. Acho que não. A história ensina que ditadores sem controle viram déspotas."
Rodrigo Contrera (São Paulo, SP)


Calote

"É incrível a "cara de pau" dos nossos governantes. Pitta declara que as contas do município não poderiam ser bloqueadas, Covas não paga os precatórios. ACM incentiva os governos a não pagarem as suas obrigações. FHC cala-se diante da pressão exercida pelos agricultores inadimplentes, e nós, contribuintes, pagaremos as suas contas. Ora, diante dessas declarações, seria o caso de não recolhermos os inúmeros tributos incidentes, com um calote geral. Pelo menos, sobraria mais para quem trabalha: os empregadores e empregados."
Flávio João de Crescenzo (São Paulo, SP)


Aids sem remédio

"Os 80 mil portadores do HIV que dependem, para viver, do tratamento na rede pública de saúde, e as 400 organizações não-governamentais que atuam na luta contra a Aids no país sentem-se traídos pelo governo federal. A iminente falta de recursos para os medicamentos anti-Aids -conforme revelou a Folha (Cotidiano, 20/8)- demonstra que o governo não honra compromissos assumidos publicamente (a exemplo do discurso de Ruth Cardoso na abertura da Conferência Mundial de Aids de Genebra, ano passado) nem cumpre as leis do país (a 9.313, de Sarney, que obriga o SUS a fornecer todos os medicamentos anti-HIV). Doentes de Aids agora engrossam o coro dos desempregados, sem-terra, caminhoneiros... E no país desgovernado, infelizmente, só terá garantidos os direitos de cidadão quem gritar mais alto."
Mário Scheffer, integrante do Conselho Nacional de Saúde (São Paulo, SP)

Medicamento justo

"Nada mais justo e oportuno para as classes menos abastadas que a regulamentação dos genéricos. Resta saber se a Agência Nacional de Vigilância Sanitária fará realmente uma fiscalização exemplar e contínua da bioequivalência (ter a mesma composição e quantidade do produto) e da biodisponibilidade (seja absorvido e tenha o mesmo efeito) de todos os genéricos vendidos, inclusive os de "fundo de quintal", ou se a regra ficará apenas como decoração no quadro dos funcionários públicos."
Hideo Matsuoka (Paranavaí, PR)

Indulto à força

"Depois de privatizar boa parte do patrimônio público, o governo Covas agora cuida de privatizar o indulto. Pois é isso o que está acontecendo. Bandidos à solta libertam bandidos trancafiados, sem a menor burocracia e na maior desfaçatez. Enquanto o governo lava as mãos, a bandidagem se diverte."
José M. Campos Lima (São Paulo, SP)


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