|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES
Mais energia hídrica, mais álcool e menos desemprego
No início de agosto, recebi um
relatório sobre o aproveitamento
da energia hídrica existente na China.
Impressionou-nos sobremaneira o
capítulo que aborda o aproveitamento
de pequenas usinas hidrelétricas no
território chinês ("News Letter of the
Asia-Pacific for Small Hydro Power").
Quando se fala em hidreletricidade
na China, pensamos logo no gigante,
aliás combatido por muitos especialistas na construção da chamada usina
das Três Gargantas, no rio Yangtze.
Para minha surpresa, o artigo cita
que, em matéria de pequenas hidrelétricas, a China possui um total de 40
mil turbinas, a grande maioria construída no meio rural.
Para que tenhamos uma idéia clara,
esse potencial representa a capacidade
de 28,79 mil megawatts -o que, grosseiramente, representa duas usinas de
Itaipu e, ao mesmo tempo, equivale a
apenas 40% do potencial de pequenas
usinas a serem desenvolvidas no território chinês, que poderia atingir 72
mil megawatts.
Aumentando as quantidades do fornecimento de etanol (derivado da cana-de-açúcar), podemos diminuir de
maneira significativa a poluição gerada pelos automóveis em nosso país,
gerando simultaneamente um número representativo de empregos, exatamente na hora em que o desemprego
ainda é elevado.
Aumentando a produção de álcool
etílico e, consequentemente, elevando
o percentual de etanol na gasolina, teríamos uma natural diminuição da
poluição no setor automobilístico. Caberia ao governo fazer cumprir o
compromisso assumido pelos agricultores de entregar suas cotas, sob pena
de elevada multa, retendo assim o desvio da produção de álcool quando o
açúcar aumentar de preço.
Creio, salvo melhor juízo, que é uma
propositura a ser seriamente estudada. Hoje, 77% da energia gerada no
mundo tem origem fóssil -ou seja,
carvão, petróleo e gás natural. Lembramos que os subsídios para a geração de energia fóssil no mundo representam aproximadamente US$ 120 bilhões por ano.
Li em várias teses que nos EUA foram desenvolvidos combustíveis cujos nomes são M85 e E85. Isso significa que, representando o M metanol e
o E etanol, 85% do combustível é metanol ou mesmo etanol, e os restantes
15%, gasolina comum. Com isso, a redução da poluição seria excelente.
As áreas agrícolas do Brasil são excelentes. Se esse problema for levado a
sério, creio que em pouco tempo teremos resolvida uma grande parcela do
desemprego.
A nossa maior poluição, infelizmente, deve-se aos automóveis, principalmente nos grandes centros.
No Brasil, graças a uma enorme bacia hídrica, até hoje apenas 30% das
quedas-d'água na nação são efetivamente transformadas em energia.
Nós e a Noruega somos os dois países que detêm mais de 50% de energia
renovável. Em verdade, esse número
no Brasil se aproxima dos 60%, para a
satisfação de todos os brasileiros.
Antônio Ermírio de Moraes escreve aos domingos nesta coluna.
Texto Anterior: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: A fome e a violência Próximo Texto: Frases
Índice
|