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TÍTULO INCÔMODO
O Brasil detém agora o título
de campeão mundial da criminalidade via internet. Levantamento
da consultoria britânica mi2g, que
presta serviços a grandes bancos e
seguradoras, mostra que os dez grupos de hackers mais ativos do mundo são brasileiros. O principal crime
cometido é alteração de conteúdo de
sites, mas também se registram vários casos de roubo de identidade,
fraude de cartão de crédito e violação
de propriedade intelectual.
Essa intensa atividade criminosa
digital poderá criar problemas para o
país. A mi2g estima que ataques a
sistemas resultem globalmente em
prejuízos cuja soma monta a US$ 40
bilhões anuais. Como as principais
vítimas desse tipo de crime são os
países industrializados, é bastante
plausível que eles venham pressionar
o Brasil a controlar seus hackers.
E eles devem mesmo ser contidos.
Embora muitos dos ciberpiratas se
limitem a deixar protestos políticos
em sites alheios, algo que pode ser
visto como um delito menor, não
convém que o Brasil se torne o centro
mundial dos crimes virtuais, seja pela péssima repercussão internacional, seja pelo fato de esse tipo de atividade ilícita ter potencial de atrair
narcotraficantes e outros representantes do crime organizado.
Há quem afirme que o principal
problema do Brasil é a ausência de
uma boa legislação contra os delitos
virtuais. Isso é apenas parcialmente
verdade. É claro que faltam boas leis.
O Código Penal é de 1940; a internet é
dos anos 90. Não existe uma lei que
impeça alguém de fazer um vírus de
computador, por exemplo.
Mesmo assim, a maioria dos chamados delitos digitais pode ser enquadrada nos crimes já tipificados. O
que falta ao Brasil, seja para crimes
virtuais ou reais, é principalmente estrutura para fazer cumprir a lei. No
caso dos crimes digitais, falta uma
agência específica com policiais altamente especializados. Novas leis são
importantes, mas, sem um aparato
repressivo minimamente eficaz, não
servirão para muita coisa.
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