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RAZÕES PARA A GUERRA
Enquanto os EUA e o Reino
Unido reúnem tropas na região
do golfo Pérsico para uma cada vez
mais provável ação militar contra o
Iraque, vão ganhando visibilidade os
focos de oposição à guerra.
Nos EUA, dezenas de milhares de
pessoas protestaram em Washington no último fim de semana, numa
cena que lembrou as marchas contra
a Guerra do Vietnã. Também houve
manifestações em outras grandes cidades americanas.
No Reino Unido, o premiê Tony
Blair precisa lidar com o antagonismo ao conflito não apenas da população como também de seu próprio
grupo político, o Partido Trabalhista.
Em termos globais, a oposição à
guerra é liderada pela França, mas
conta com o apoio da maior parte
dos países europeus e árabes. A China e a Rússia também já se posicionaram contra o conflito.
Porém o presidente George W.
Bush, secundado por Blair, dá mostras de que está disposto a ir até as últimas consequências para depor
Saddam Hussein. Aparentemente só
lhe falta o pretexto para iniciar os
bombardeios e a invasão.
Saddam Hussein é de fato um tirano sanguinário, e sua queda seria
mais do que bem-vinda. Mas fazer a
guerra para depô-lo é uma temeridade. As principais razões alegadas por
Bush não procedem.
Não há nenhum vínculo concreto
entre o regime iraquiano e os terroristas responsáveis pelo 11 de setembro. Os inspetores das Nações Unidas ainda não encontraram nenhuma prova sólida de que o Iraque esteja produzindo armas de destruição
em massa. A irrupção do conflito,
paradoxalmente, oferece ao ditador
alguns dos poucos cenários em que a
utilização de armamento não-convencional se torna crível.
Existem, porém, razões geopolíticas para a guerra que Bush não costuma admitir. Os EUA assumiriam o
controle sobre importantes reservas
de petróleo, diminuindo sua dependência da Arábia Saudita. Também
demonstrariam ao mundo que estão
dispostos a exercer sua hegemonia
"manu militari" se necessário.
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