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São Paulo, quarta-feira, 22 de janeiro de 2003

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RAZÕES PARA A GUERRA

Enquanto os EUA e o Reino Unido reúnem tropas na região do golfo Pérsico para uma cada vez mais provável ação militar contra o Iraque, vão ganhando visibilidade os focos de oposição à guerra.
Nos EUA, dezenas de milhares de pessoas protestaram em Washington no último fim de semana, numa cena que lembrou as marchas contra a Guerra do Vietnã. Também houve manifestações em outras grandes cidades americanas.
No Reino Unido, o premiê Tony Blair precisa lidar com o antagonismo ao conflito não apenas da população como também de seu próprio grupo político, o Partido Trabalhista.
Em termos globais, a oposição à guerra é liderada pela França, mas conta com o apoio da maior parte dos países europeus e árabes. A China e a Rússia também já se posicionaram contra o conflito.
Porém o presidente George W. Bush, secundado por Blair, dá mostras de que está disposto a ir até as últimas consequências para depor Saddam Hussein. Aparentemente só lhe falta o pretexto para iniciar os bombardeios e a invasão.
Saddam Hussein é de fato um tirano sanguinário, e sua queda seria mais do que bem-vinda. Mas fazer a guerra para depô-lo é uma temeridade. As principais razões alegadas por Bush não procedem.
Não há nenhum vínculo concreto entre o regime iraquiano e os terroristas responsáveis pelo 11 de setembro. Os inspetores das Nações Unidas ainda não encontraram nenhuma prova sólida de que o Iraque esteja produzindo armas de destruição em massa. A irrupção do conflito, paradoxalmente, oferece ao ditador alguns dos poucos cenários em que a utilização de armamento não-convencional se torna crível.
Existem, porém, razões geopolíticas para a guerra que Bush não costuma admitir. Os EUA assumiriam o controle sobre importantes reservas de petróleo, diminuindo sua dependência da Arábia Saudita. Também demonstrariam ao mundo que estão dispostos a exercer sua hegemonia "manu militari" se necessário.


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