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CARLOS HEITOR CONY
Nota dez
RIO DE JANEIRO - Não sou admirador fanático daquilo que se pode chamar de cultura ou civilização
norte-americana, também conhecidas como "american way of life".
Os admiradores têm seus motivos,
os que não admiram também. Tampouco espero maravilhas curativas
da gestão de Barack Obama. O mais
importante já foi feito -e com brilho histórico: enterrou formalmente o preconceito racista que ainda
prevalecia em algumas camadas da
sociedade. Neste particular, os Estados Unidos merecem nota dez.
Acompanhei alguns momentos
da posse do novo presidente e admirei a sobriedade do protocolo,
sem aquelas filigranas de pompa e
circunstância que marcam a subida
ao trono dos poucos monarcas que
ainda resistem e dos presidentes de
países chegados ao oba-oba.
Não houve transferência da faixa
presidencial, como nos concursos
das misses e nas posses dos mandatários da América Latina e de outras regiões. Tampouco a presença
maciça de chefes de Estado, que
certamente foram representados
por seus embaixadores.
Se a liturgia foi sóbria, o entusiasmo da multidão que acompanhou a
cerimônia sob um frio de 3 graus
abaixo de zero foi realmente comovente. Creio que nunca um presidente da República de qualquer
país arrastou tanto povo para presenciar de corpo presente um acontecimento histórico.
Não estou dizendo que Obama é,
em si, um fato histórico. Sua eleição
e posse sim, são um momento dos
mais importantes na trajetória dos
Estados Unidos e, até certo ponto,
do mundo. Embora tenhamos como nunca espaço para a esperança
e força contra o medo (os dois referenciais mais citados durante sua
campanha eleitoral e em seu discurso de posse), tudo dependerá
agora da capacidade de um homem
resistir às pressões da máquina do
complexo industrial-militar.
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