São Paulo, terça-feira, 22 de fevereiro de 2005

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OBSTÁCULOS E RISCOS

Levantamento realizado pela Câmara de Comércio dos EUA, cujos resultados esta Folha publicou no domingo, revela que as maiores multinacionais norte-americanas com investimentos no Brasil mantêm boas expectativas quanto ao desempenho da economia do país, mas apontam uma série de problemas que precisam ser enfrentados.
Entre os obstáculos, destacam-se a burocracia, a alta carga tributária, as deficiências regulatórias, os custos trabalhistas e os juros elevados. Na visão dessas corporações, a principal prioridade do governo neste ano deveria ser a reforma tributária.
O resultado está longe de ser surpreendente. De uma maneira geral, o próprio empresariado brasileiro tem apontado os mesmos fatores como empecilhos à expansão de seus negócios no país.
Outro aspecto preocupante, mencionado por algumas empresas, diz respeito à excessiva volatilidade do câmbio e à acentuada valorização do real, associada às elevadas taxas de juros, que atraem capitais especulativos de curto prazo para o país.
Nesse sentido, as declarações do diretor industrial da Black & Decker do Brasil, Domingos Dragone, merecem atenção. Ele toca num tema já analisado neste espaço: a intensa queda da cotação do dólar poderá comprometer os planos de investimento de diversas companhias estrangeiras que optaram por transformar suas unidades brasileiras em centros de produção de bens voltados para o mercado internacional.
Em grande medida, essa decisão foi estimulada pelas desvalorizações do real, que criaram condições mais favoráveis à expansão das exportações -como têm demonstrado os expressivos resultados obtidos nos dois últimos anos. Obter elevados saldos comerciais não é para o Brasil apenas uma opção entre outras -trata-se de uma necessidade fundamental, em se tratando de um país altamente endividado, que precisa fechar suas contas externas e reduzir suas vulnerabilidades.
Nesse sentido, a volatilidade cambial é um fator de insegurança para as empresas voltadas para a exportação e um risco para o já precário equilíbrio da economia brasileira.


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