|
Próximo Texto | Índice
OBSTÁCULOS E RISCOS
Levantamento realizado pela
Câmara de Comércio dos EUA,
cujos resultados esta Folha publicou
no domingo, revela que as maiores
multinacionais norte-americanas
com investimentos no Brasil mantêm boas expectativas quanto ao desempenho da economia do país,
mas apontam uma série de problemas que precisam ser enfrentados.
Entre os obstáculos, destacam-se a
burocracia, a alta carga tributária, as
deficiências regulatórias, os custos
trabalhistas e os juros elevados. Na
visão dessas corporações, a principal
prioridade do governo neste ano deveria ser a reforma tributária.
O resultado está longe de ser surpreendente. De uma maneira geral, o
próprio empresariado brasileiro tem
apontado os mesmos fatores como
empecilhos à expansão de seus negócios no país.
Outro aspecto preocupante, mencionado por algumas empresas, diz
respeito à excessiva volatilidade do
câmbio e à acentuada valorização do
real, associada às elevadas taxas de
juros, que atraem capitais especulativos de curto prazo para o país.
Nesse sentido, as declarações do
diretor industrial da Black & Decker
do Brasil, Domingos Dragone, merecem atenção. Ele toca num tema já
analisado neste espaço: a intensa
queda da cotação do dólar poderá
comprometer os planos de investimento de diversas companhias estrangeiras que optaram por transformar suas unidades brasileiras em
centros de produção de bens voltados para o mercado internacional.
Em grande medida, essa decisão
foi estimulada pelas desvalorizações
do real, que criaram condições mais
favoráveis à expansão das exportações -como têm demonstrado os
expressivos resultados obtidos nos
dois últimos anos. Obter elevados
saldos comerciais não é para o Brasil
apenas uma opção entre outras
-trata-se de uma necessidade fundamental, em se tratando de um país
altamente endividado, que precisa
fechar suas contas externas e reduzir
suas vulnerabilidades.
Nesse sentido, a volatilidade cambial é um fator de insegurança para
as empresas voltadas para a exportação e um risco para o já precário
equilíbrio da economia brasileira.
Próximo Texto: Editorial: ESTRABISMO DIPLOMÁTICO Índice
|