![]() São Paulo, terça-feira, 22 de fevereiro de 2005 |
![]() |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TENDÊNCIAS/DEBATES Não dá mais, troca o motor
JORGE BORNHAUSEN
Os remendos e as achegas de cada dia tornaram-se insuportáveis. Hoje, corre-se ali para domar o câmbio (se subir o bicho pega, se descer o bicho come); ontem, foi-se ali para conter a inflação; para amanhã, promete-se socorro a uma megaempresa que ameaça desempregar leva preciosa de mão-de-obra valiosa e qualificada... Não. Basta de improvisação, de tensão, de conformismo. Um país com a elite acadêmica extraordinária, com a massa de empreendedores e até com os recursos e com o povo bravo e sábio que tem o Brasil precisa enfrentar a realidade. Estacionar na estabilidade é pouco, é ilusão oportunista, porque isso mantém ligada a bomba-relógio do desemprego crescente. Para sair do impasse, só mudando. Encararemos a necessidade de superar, de ir além da fronteira social-democrata que o PT adotou e que asfixia a economia brasileira. Primeiro, porque aumentou o tamanho do Estado e é preciso reduzi-lo para frear o crescimento da carga de impostos que aumenta na proporção dos gastos do governo. Segundo, porque o processo de abertura da economia estancou e estamos à margem dos ganhos de produtividade do mercado internacional, privados de participar da competição que está empurrando para a frente nações semelhantes ao Brasil. Estamos acuados, verdadeiramente emparedados, ou seja, condenados à asfixia pelo confinamento ao medíocre crescimento médio de 3% a 3,5% ao ano (se chegar a tanto) e temos de abrir caminho para alcançar taxas de crescimento de 6% a 7% ao ano. O PFL está na fase final de um repertório completo de propostas e ações para substituir o atual modelo, que hoje sobrevive de remédios e de dietas amargas subindo juros, para fingir que a estabilidade foi alcançada, quando, na verdade, apenas projeta para curto prazo explosões perigosas, como é o desemprego. Vale a pena acompanhar os estudos que os técnicos envolvidos na construção da proposta do PFL estão realizando e que prevêem desde o aumento da disponibilidade de crédito até a redução da carga tributária; revisão do pacto federativo, buscando na maior autonomia e na maior competição entre Estados e municípios benefícios para os cidadãos e redução dos desníveis regionais; fim dos protecionismos e menor vulnerabilidade das contas externas. Tenho sobre a minha mesa -e não a esgotei nas leituras a que me dediquei no Carnaval- uma dezena de relatórios e propostas que estão sendo cuidadosamente alinhavadas para que o Brasil tenha, enfim, na prática, um programa de substituição ao modelo social-democrata vigente, que o PT prometeu mudar e, foi-se ver, era pura bazófia de campanha. O PFL não. Vai mudar, porque tem planos e pode mostrar antecipadamente o que fará. Cortar gastos públicos é o caminho para termos menos impostos e mais empregos. Jorge Konder Bornhausen, 67, é senador pelo PFL-SC e presidente nacional do partido. Foi embaixador do Brasil em Portugal (1996-98), governador de Santa Catarina (1979-82), ministro da Educação (governo Sarney) e da Secretaria de Governo da Presidência da República (governo Collor). Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Carlos Henrique de Brito Cruz: Reforma sem estratégia Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |