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ALTA VOLATILIDADE
Há sinais preocupantes de que
o governo Luiz Inácio Lula da
Silva sucumbe rapidamente a uma
conhecida tentação populista ao negligenciar um movimento de acentuada apreciação do real. Ministros
os mais diversos, secundados por
autoridades do Banco Central, não se
cansam de se declarar, no mínimo,
despreocupados com o fato. Há também os que não escondem o júbilo,
tentando convencer a opinião pública de que a atual queda do dólar traz
apenas efeitos benéficos.
Nenhum movimento que retira,
num espaço de quatro pregões, quase 20 centavos de real do preço de
uma unidade da moeda americana
pode ser considerado normal. Não é
porque o câmbio trabalha a favor do
poder de compra dos brasileiros que
se deve deixar de qualificar tamanha
modificação de parâmetros como
fruto de especulação, fundada na diferença abissal entre os juros do Brasil e os internacionais.
São capitais de curtíssimo prazo,
ariscos, os que entram. Os agentes
financeiros (incluindo os operadores
do governo) e o público informado
estão cientes de que, tal como entraram, esses capitais podem, sob qualquer pretexto, iniciar um novo surto
de debandada. O resultado é expor
os agentes que precisam tomar decisões (exportadores, importadores,
investidores e formadores de preço
em geral) a um ambiente incerto, demasiadamente volátil.
Como muitos estão desconfiados
da sustentabilidade da alta do real,
nem mesmo o suposto efeito benéfico sobre a inflação pode ser atestado.
Os formadores de preço não têm
condições de apostar num cenário de
evolução otimista para o câmbio.
O governo possui instrumentos
para intervir num momento como
este. No ano passado, as reservas internacionais do BC foram corroídas
-justamente porque o banco foi
instado a interferir para tentar conter
altas explosivas do dólar- e ainda
hoje se encontram num patamar
muito baixo. Não se deve submeter a
economia brasileira a uma instabilidade desnecessária.
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