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São Paulo, terça-feira, 22 de abril de 2003

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OPOSIÇÃO PARA VALER?

Enquete realizada pela Folha sobre a aceitação, pela bancada petista na Câmara, de três pontos essenciais das propostas reformistas de Luiz Inácio Lula da Silva pode ser um indício de que o sentimento oposicionista no PT não se resume à chamada ala radical do partido.
Mais da metade dos deputados com opinião formada sobre os temas não concorda com a cobrança de contribuição previdenciária de servidores inativos, nem com o fim da aposentadoria integral para novos funcionários públicos, nem com a autonomia do BC. A rejeição é substancialmente maior para os itens que pretendem modificar o regime de aposentadoria dos servidores.
O funcionalismo público e os seus sindicatos formam uma das bases sociais do PT. Muitos parlamentares da legenda são diretamente originários desse segmento. É de esperar, portanto, que modificações que retirem benefícios do funcionalismo (ainda que esses benefícios soem como privilégios perante a grande maioria da população) encontrem focos de resistência no PT. Tanto é assim que a oposição à autonomia operacional do BC -mais ideológica do que "orgânica"- é, entre os três temas, aquele que tem a menor rejeição na bancada.
Além disso, é comum, sobretudo na fase preliminar de debates polêmicos como esse, que parte dos deputados procure agradar ao funcionalismo público, uma fatia organizada de eleitores.
Evidentemente, a manifestação da opinião inicial de deputados petistas não significa que as reformas propostas pelo governo Lula serão derrotadas no próprio núcleo do governismo. O mais provável é que, pelo contrário, os temas obtenham um endosso francamente majoritário, se não total, dos parlamentares petistas. Ainda que o "custo", para Lula, de convencer a sua própria bancada deva ser cobrado na forma de concessões pontuais aos servidores, as chances de os termos essenciais da reforma previdenciária proposta pelo Planalto serem aprovados permanecem grandes.


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