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OPOSIÇÃO PARA VALER?
Enquete realizada pela Folha
sobre a aceitação, pela bancada
petista na Câmara, de três pontos essenciais das propostas reformistas
de Luiz Inácio Lula da Silva pode ser
um indício de que o sentimento oposicionista no PT não se resume à chamada ala radical do partido.
Mais da metade dos deputados
com opinião formada sobre os temas não concorda com a cobrança
de contribuição previdenciária de
servidores inativos, nem com o fim
da aposentadoria integral para novos
funcionários públicos, nem com a
autonomia do BC. A rejeição é substancialmente maior para os itens que
pretendem modificar o regime de
aposentadoria dos servidores.
O funcionalismo público e os seus
sindicatos formam uma das bases
sociais do PT. Muitos parlamentares
da legenda são diretamente originários desse segmento. É de esperar,
portanto, que modificações que retirem benefícios do funcionalismo
(ainda que esses benefícios soem como privilégios perante a grande
maioria da população) encontrem
focos de resistência no PT. Tanto é
assim que a oposição à autonomia
operacional do BC -mais ideológica do que "orgânica"- é, entre os
três temas, aquele que tem a menor
rejeição na bancada.
Além disso, é comum, sobretudo
na fase preliminar de debates polêmicos como esse, que parte dos deputados procure agradar ao funcionalismo público, uma fatia organizada de eleitores.
Evidentemente, a manifestação da
opinião inicial de deputados petistas
não significa que as reformas propostas pelo governo Lula serão derrotadas no próprio núcleo do governismo. O mais provável é que, pelo
contrário, os temas obtenham um
endosso francamente majoritário, se
não total, dos parlamentares petistas. Ainda que o "custo", para Lula,
de convencer a sua própria bancada
deva ser cobrado na forma de concessões pontuais aos servidores, as
chances de os termos essenciais da
reforma previdenciária proposta pelo Planalto serem aprovados permanecem grandes.
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