São Paulo, quinta-feira, 22 de abril de 2004

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METAS E CRESCIMENTO

Ao que parece, o Conselho Monetário Nacional, com o beneplácito da Presidência da República, deverá rever a meta de inflação para o ano que vem, fixada em 4,5%. Não há ainda definição sobre a dimensão da mudança, se de meio ou de um ponto percentual a mais. A idéia de elevar a meta é sensata, num contexto em que os juros permanecem em patamar elevado, a despeito dos cortes realizados na taxa Selic desde junho do ano passado. A necessidade de o Banco Central cumprir as metas estabelecidas o tem levado a ser mais cauteloso com os juros.
Para este ano, a meta perseguida pelo BC é de 5,5%, com margem de tolerância de 2,5 pontos percentuais. O mercado estima no momento que o índice deverá ficar em torno de 6,5% no final do ano.
Há motivos para que a inflação possa ultrapassar os 5,5% e entrar na margem de tolerância neste 2004. A principal delas diz respeito à forte alta na cotação internacional de matérias-primas. A valorização das commodities, puxada pelo crescimento de algumas economias, como a chinesa, e também por movimentos especulativos, reflete-se sobre o custo das empresas e tende a gerar pressões. Tentar conter esse movimento com juros altos e desaquecimento da economia não é -menos ainda nas atuais condições- a política mais inteligente. Esse "choque de oferta" precisará em alguma medida ser assimilado, como foi admitido, aliás, de forma explícita, em recente ata do Comitê de Política Monetária do BC.
Ao estabelecer uma meta menos ambiciosa para 2005, o governo estaria, em tese, contribuindo para uma política de juros menos restritiva, o que poderia traduzir-se em estímulo à atividade econômica.
É óbvio, porém, que o crescimento da economia não depende unicamente da calibragem das metas de inflação e dos juros. E, quanto a isso, há uma série de tarefas à espera do governo, que vai da necessidade de assegurar um ambiente de normalidade institucional à conclusão das legislações que regulam o investimento em serviços públicos.


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