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METAS E CRESCIMENTO
Ao que parece, o Conselho
Monetário Nacional, com o beneplácito da Presidência da República, deverá rever a meta de inflação para o ano que vem, fixada em 4,5%.
Não há ainda definição sobre a dimensão da mudança, se de meio ou
de um ponto percentual a mais. A
idéia de elevar a meta é sensata, num
contexto em que os juros permanecem em patamar elevado, a despeito
dos cortes realizados na taxa Selic
desde junho do ano passado. A necessidade de o Banco Central cumprir as metas estabelecidas o tem levado a ser mais cauteloso com os juros.
Para este ano, a meta perseguida
pelo BC é de 5,5%, com margem de
tolerância de 2,5 pontos percentuais.
O mercado estima no momento que
o índice deverá ficar em torno de
6,5% no final do ano.
Há motivos para que a inflação
possa ultrapassar os 5,5% e entrar na
margem de tolerância neste 2004. A
principal delas diz respeito à forte alta na cotação internacional de matérias-primas. A valorização das commodities, puxada pelo crescimento
de algumas economias, como a chinesa, e também por movimentos especulativos, reflete-se sobre o custo
das empresas e tende a gerar pressões. Tentar conter esse movimento
com juros altos e desaquecimento da
economia não é -menos ainda nas
atuais condições- a política mais
inteligente. Esse "choque de oferta"
precisará em alguma medida ser assimilado, como foi admitido, aliás,
de forma explícita, em recente ata do
Comitê de Política Monetária do BC.
Ao estabelecer uma meta menos
ambiciosa para 2005, o governo estaria, em tese, contribuindo para uma
política de juros menos restritiva, o
que poderia traduzir-se em estímulo
à atividade econômica.
É óbvio, porém, que o crescimento
da economia não depende unicamente da calibragem das metas de
inflação e dos juros. E, quanto a isso,
há uma série de tarefas à espera do
governo, que vai da necessidade de
assegurar um ambiente de normalidade institucional à conclusão das legislações que regulam o investimento em serviços públicos.
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