|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SEM MERENDA
Levantamento realizado pela
Folha mostrou que pelo menos
471 municípios de 25 Estados deixaram de receber recursos do Programa Nacional de Alimentação Escolar
por não terem prestado contas das
parcelas repassadas pela União no
ano passado. A quase totalidade dessas cidades é pobre. São municípios
com Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) abaixo da
média dos seus Estados.
É um completo contra-senso que
justamente as localidades cujas populações mais necessitam de verbas
sociais deixem de recebê-las por falta
de prestação de contas. No caso da
merenda escolar, são as crianças carentes as principais vítimas. E muitas
delas dependem da refeição servida
nas escolas para manter uma alimentação regular e saudável.
É indiscutível que a União precisa
cobrar dos municípios aos quais
destina recursos algum tipo de prestação de contas. Não há como desenvolver programas sociais sem controlar a destinação do gasto. O Brasil
possui conhecido histórico de desvios por autoridades locais de verbas
federais destinadas à área social.
A coordenação do Programa Nacional de Alimentação Escolar atribui as falhas na prestação de contas a
dificuldades para preencher formulários e fornecer as informações requeridas. Até mesmo o "esquecimento" seria uma causa.
Sejam quais forem os empecilhos e
as desculpas, nada justifica que a burocracia, a improbidade ou a ineficácia do poder público impeçam os recursos de chegar a seu destino. Que
se criem mecanismos mais simples
para facilitar a prestação de contas e
que se investiguem os casos suspeitos de irregularidades. O que não é
possível é o preço ser pago por alunos pobres da rede pública que deixam de receber suas merendas.
Texto Anterior: Editoriais: METAS E CRESCIMENTO Próximo Texto: Editoriais: AIDS EM EXPANSÃO Índice
|